quarta-feira, 1 de julho de 2015

BERBIGÃO, O BODE QUE COMIA JORNAL

BERBIGÃO
O BODE QUE COMIA JORNAL

Mas, o que tem a ver o bode com o berbigão? É que o bode estava no caminho do berbigão. Como assim?

 Entre os contos  e galhofas de Potécas, lembram os amarelos da goiaba do lugar, de uma passagem dos que de lá vinham e por ali tinham que passar, para chegar a praia de Barreiros e tirar, catar berbigão.
Em épocas de marés seca, os amarelos da goiaba se reuniam e de carroças chegavam nas proximidades da praia.
 Mas, para chegar a praia tinha um caminho e no caminho estava o bode.
Era um bode grande, chifrudo, brabo e atacava a todos que passavam pelo caminho. O dono do bode era também o dono do terreno e deixava o bode solto, para impor respeito a propriedade.
O dono do bode era um sujeito sisudo, que ainda advertia;  ài de quem machucar o bode.
Para as mulheres  e raparigas era de muito medo e desespero. O catinguento do bode atacava de testadas e chifrava mesmo. Já os homens mais corajosos,  corriam em distração ao bode e todos então, podiam passar.
A distração já não estava adiantando mais, o bode atacava de tal modo que nem mesmo os homens ele respeitava mais.   As mulheres  então, já não queriam mais vir tirar berbigão.
Um certo dia, um dos homens acuado pelo bode e sem saída da perseguição, puxou do bolso uma nota de Cr$ 1,00(um cruzeiro) e jogou em sua direção.  O dinheiro saiu a voar e fez  o bode parar a perseguição, pois aparou-o com a boca, pondo-se a mastigar. Isso fez com que o bode acalmasse enquanto mastigava e comia o dinheiro. A partir de então, o bode parou de correr atrás das pessoas. Era só dar-lhe uma nota de Cr$ 1,00 para comer.
Mas, nem sempre alguém tinha a nota e o bode voltou a atacar. Um dos amarelos da goiaba, teve a idéia de tentar enganar o bode com uma folha de jornal. Pois não é que o bode gostou e se dava por satisfeito a mastigar e a comer uma folha de jorrnal, tanto na ida, como na volta do berbigão.
Enfim, para alegria de todos, o caminho do berbigão, estava livre do bode chifrudo e catinguento.
Depois de tudo isso, entre amigos, surge nas portas de venda do lugar,  a galhofa de maldição de um para o outro:   “eu te desejo tudo o que Deus deu pro bode; galho e catinga
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História
Até os anos 70-século XX em São José e Palhoça-SC, a praia de Barreiros, assim como os baixios de Campinas,  Praia Comprida e Ponte do Imaruí, foram abundantes criadouros naturais desse molusco comestível.
De origem de sucessão dos descencentes açorianos, Potécas à época, era um lugarejo agrícola e pastagem de São José, entre os bairros de Forquilhas e Barreiros.
Amarelo da goiaba foi uma expressão pejorativa do manézinho da Ilha-SC e do lado continental, referida aos indivíduos de cor amarelada, anêmicos,mal alimentados da época.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                historiador