terça-feira, 11 de agosto de 2015

CARNE DE VARAL

CARNE DE VARAL

Quem não sabe o que é, pergunte aos pais e avós e descubra a delícia que é.
Eles vão lembrar de contos e de um tempo, em que se pendurava e se estendia, toda a carne que se comia
Nessa época não existia freezer nem geladeira e quem tinha era luxo, podia guardar o bucho.
 Toda a carne verde(fresca), como o peixe que se pescava, iam parar no varal, ou então se estragava.
Carne seca de varal, também chamada de carne de sol, depois onde que fica, pois então,  com farinha de mandioca, guardava-se na barrica.
Nos tempos do fogão de lenha, quando a brasa se formava, puxava-se um pouco pra fora e a carne na grelha assava.
A chaleira aquecia a água que se fervia. Depois da água quente, farinha se misturava, pirão escaldado ficava e com carne assada se mastigava.
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Hoje, relembrando os tempos antigos, num encontro de amigos, um certo fulano de tal, se meteu a bobear e se pôs a fazer uma carne de varal.
Os fatos foram  registrados na casa da Lauguinha e do Caminha, lá  no sul da ilha, perto da trilha de  Naufragados.
Trouxe uma costela de boi, também tinha linguiça, ele cheio de bobiça, teimava e dizia, não preciso de sol, faço fogo, faço brasa, debaixo do varal da casa.
Achei aquilo esquisito e indaguei, isso tem jeito?, e o fulano de pronto respondeu, não duvides da astúcia dum ex-Prefeito.
É que o fulano veio do sul cheio de brio, além de doutor de bicho e outros predicativos, foi Prefeito de Sombrio.
A costela cheia de alho, foi esticada no varal em forma de penduricalho. E  começou a assar, em fogo enfumaçado, cruz credo, não se sabe o que vai dar.
O Bruxo que é um cara esdrúxulo e anda sempre torrado, para agradar o fulano, dizia ta tudo assado.

Na hora da comilança, foi que começou a lambança.

A dona da casa não gostou, porque a carne ficou encruada, mal passada, mas o fulano de tal,  teimava e dizia que tava assada.
O bate-boca se estendeu com todos ali na mesa e ela falava alto, por favor não me engane, essa carne tem sangue.
Diante do reboliço, o Luis e a Berê, olhavam um para o outro, sem saber o que fazer. 
A Diva e a Gleusi, para não criar mais problema, caladas ficaram com as risadas da Lena.
Eu, que estava cheio daquele lero lero, saí fora da mesa e fui matar a fome, comendo a sobremesa.
Com os ânimos acalmados, virou farra depois, comecei a fazer humor para agradar os dois.
Num domingo, bonito dia de sol, este foi o final de uma destrambelhada carne de varal.


"Qualquer semelhança é mera coincidência"

Homenagem ao meu amigo Podinho.
Dr. Leopoldo Renato Alves da Silva - Médico Veterinário

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-