quarta-feira, 4 de novembro de 2015

sábado, 10 de outubro de 2015

OS MACHUCAS DO CEBOLA

Os machucas do Cebola

Mas afinal, o que é um machuca?
Resposta: Na linha de fabricação das olarias de louças de barro de São José da Terra Firme, o alguidar era produzido de 4 tamanhos.
O terceiro alguidar, na escala do maior p/o menor, tem o apelido chamado de machuca.
Nessa época, era costume comer o feijão socado, pois dava mais massa e ainda se adicionava água. Talvez porque o feijão era pouco.
Machuca porque machuca-se, soca-se o feijão depois de cozido e mede de boca aproximadamente 25 cm.
Os machucas do Cebola, é um presente para o imortal Édson Osni Ramos da Academia São José de Letras.
É filho do primo e oleiro Osni Albino Ramos, à quem tive a satisfação de aprender e trabalhar a seu lado numa olaria de produção de louças de barro na Ponta de Baixo.(1967/68).
Os machucas serão usados no seu sítio em Rancho Queimado.
Agora, fiquei sabendo, que lá se serve uma carne de ovelha especial. Quem sabe, tiro a sorte grande e acerto esse dia.




gjm


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DE MANÉ À MANÉZINHO
Ilha de Santa Catarina e lado do continente
Santa Catarina – Brasil

Vamos saber um pouco do ser mané

Em tempos não muito distantes, gente da cidade, apelidavam alguns  moradores do interior da Ilha de Santa Catarina de mané. A cidade à que me refiro é Florianópolis, assim também, chamada por todos que moravam no lado continental.
Suposições apontam aos nomes Manuel ou Manoel, muitos comuns em todas as regiões litorâneas, especialmente nos povoamentos do interior da Ilha de Santa Catarina.
Seu Manoel, seu Manuel,, seu maneca, seu manel, seu mané, pode ter sido o caseiro de um sítio ou de casa de veraneio de propriedade de alguém da cidade. Seu mané, sempre tratava essa gente da cidade de doutori, ou seja, pela formação profissional ou poder aquisitivo.
O mané  pode ser caracterizado como um sujeito simplório, contador de causos, um matuto de trabalhos pesados, da lida com os bois e da roça. Uns dos trabalhos de engenho, outros da pescaria e outros de qualquer serviço braçal.
Mas, os autênticos manés, eram os malandros exibidos de vida boa, que usavam uma perna da calça arregaçada até a metade da perna, um pouco abaixo do joelho e que por distração, se exibiam com uma gaiola na palma da mão, dentro um curió, um sabiá, uma tia chica ou um coleirinha a dobrar.
Aquele ou aquela, que come um loc loc com peixe frito frio, ou ainda, aqueles que comen pirão de água escaldado com carne seca de varal, assada numa grelha na brasa de fogão de lenha.
Por várias gerações, abandonados a própria sorte pela gente da cidade e longe da escola, criaram seus meios de subsistência e modos de falar próprios e engraçados, que os identificam como o mané ou a mané interiorana da Ilha, assim como também, nos povoamentos do litoral do lado continental.
Frases e palavras como, mofas com a pomba na balaia, farinha pouca, meu pirão primeiro, coberta d’alma, chichilaria, roubar e fugir com a rapariga para mais tarde casar, e mais...oioió ..oioió.oioió...oioió.oioió.oioió, tas tolo tas, rebojo, és bom pro fogo, intizica, te toco a mão nos cornos, cambulhão, boi ralado, eu atiço a bocica em cima de ti, istepô, digerinha, lanço de peixe, tarrafa a vau, garapivu, mata fome, és bom pumbife, cara de areia mijada, dar de mamar à enxada, se qués qués, se não qués diz, pomboca, tolo e muitas outras.

Glossário

Atiçar - incitar
Bocica – cachorra, cadela
Boi ralado – carne moída
Cambulhão – porção de peixes enfiados pela guelra em cipó à serem vendidos.
Cara de areia mijada –  furos no rosto de quem teve varíola
Chichilaria – burocracia, lenga lenga, enrolação  com os papéis
Coberta d’alma – roups de quem morre
Dar de mamar à enxada – preguiçoso na lavoura com  o cabo da enxada debaixo do braçoDês bom pumbife – Digerinha – diarréia
És bom pro fogo - expressão usada para dizer que uma pessoa não presta (também ameaça debochada, de mandar alguém à fogueira.
És bom pumbife – referindo-se a carne do boi da farra
És um porta milá –perdido, andar sem rumo ou importa-me lá contigo
Intizica – provoca
Istepô – expressão de xingar alguém, seu coisa ruim
Lanço de peixe – cercar o cardume com rede, arrastar, puchar para a praia ou embarcação pesqueira. Locais de peixes de tarrafa a vau.
Loc loc – pirão de café, mexido na própria caneca de tomar café.
Mandrião – preguiçoso
Mata fome – prato de barro de se comer
Mofas com a pomba na balaia – vais cansar de esperar, não conseguir o que queria, intento
Oioió – interpétra-se como interjeição de espanto ou admiração
Pomboca – lamparina pequena com pavio , acesa com querozene,  luz de pomboca
Rebojo – vento que sopra de várias direções, ocorre quase sempre com vento sul
Te toco a mão nos cornos –dar uma bofetada na cara de alguem que um
Vau – trechos rasos de águas, ou da beira do mar ou de rio, onde se pode transitar a pé.
Tolo – credibilidade frágil, sofrível. Não refere-se a debilidade mental.

Vamos saber um pouco do ser manézinho

Na verdade, não se atribui  à alguém, como o criador do pseudônimo manezinho.
Em inícios dos anos 80 do século passado, nas áreas centrais de Florianópolis como do lado continental, ouve-se em rodas de amigos, locais de trabalho, bares, botequins e principalmente no Mercado Público, colegas e amigos serem chamados de manezinho. Geralmente ou quase sempre, esse colega ou amigo assim chamado, morava em alguma comunidade do interior da ilha de Santa Catarina.
A partir de então, o pseudônimo, que pode ter derivado do seu Manoel, seu Manuel, seu maneca, seu manel, seu mané, começa a difundir-se na boca do povo com o apelido de manezinho.
Até a primeira metade da década dos anos 80, ser chamado de manezinho, tinha sentido pejorativo. No entanto, por muitos havia aceitação, dentro de um clima amigável e na base da gozação.
Nessa época, já era destaque em programas de radio como radialista, o saudoso Aldírio Simões.
Aldírio constituía-se num personagem carismático, identificado com nossa cultura  de base açoriana. Seu ponto de encontro diário, era o Mercado Público de Florianópolis, além de viver os cantos e recantos da Ilha e do continente, conhecer sua gente, seus usos e costumes.
Nascido na localidade de Rio do Braz em Canasvieiras, Aldírio, destacou-se como radialista, repórter, jornalista, escritor e apresentador de TV. Na TV, criou e apresentou o famoso programa BAR FALA MANÉ.
Em meados da década dos anos 80 como radialista, idealiza uma forma de homenagear, enaltecer o mané manezinho, que tomou proporções de linguajar popular entre nós.
Todos aqueles ou aquelas, que se identificam com a maneira simples de viver os nossos usos, costumes, ajuda mútua e solidariedade dos nativos interioranos da Ilha e do continente, ou ainda, todos aqueles ou aquelas, que para cá vieram e se adaptaram a viver essa identidade de simpatia, esse estado de ser e que, destacam-se perante a comunidade.
Em 1987, elenca os nomes dos manezinhos a serem homenageados e organiza a primeira edição do Troféu Manezinho da Ilha.
Tinha no amigo manezinho e saudoso Francisco Amante, o popular Chico Amante, os préstimos e suporte da organização burocrática dos eventos. Aliás em matéria de organização, Aldírio era muito bom, mas na improvização.
Testemunhos relatam que nas primeiras edições do Troféu, alguns manés elencados por Aldírio, se mostravam reticentes com a homenagem, dado ao sentido pejorativo de outrora do pseudônimo manezinho.
O prestígio de Aldírio nos meios de comunicação, enaltecem a honraria do Troféu, mudam o conceito e o entendimento de ser manezinho.
Nos anos subseqüentes aos dias de hoje  é um prestígio ser escolhido para receber a honraria do Troféu  Manezinho da Ilha.
Num bom sentido, diz o manezinho, Engenheiro Paulo Ricardo Caminha; o Aldírio atirou no que viu e matou o que não viu, referindo-se ao auge de sua projeção com o Troféu Manezinho da Ilha.
Embora sendo o autor intelectual do Troféu e dos agraciados anualmente,  o nosso Mané Mor, cercava-se de uma Confraria que oferecia palpites para os novos a serem escolhidos. Entre outros dessa Confraria, fazia parte o saudoso Chico Amante, o ex-Secretário de Segurança Maurício Amorim o Engenheiro Paulo Ricardo Caminha, o Poeta Luiz Gonzaga Galvão e o bancário Ire Silva.
Após a morte de Aldírio em 2006, incorporou-se a Confraria,  seu filho Sione Márcio Simões, que organizam a tradição anual do Troféu Manezinho da Ilha.

Guga, o manézinho

A internacionalização do ser manezinho, foi conhecida e difundida, diante da mídea mundial pelo maior tenista brasileiro de todos os tempos.
Gustavo Kürten, o nosso Guga, que no topo do ranking da ATP, chamou para si o título de Manezinho da Ilha. O mundo ficou conhecendo um manezinho impar, que levou sua simplicidade com competência de grande campeão às quadras de tênis do mundo.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado

                   Historiador

terça-feira, 11 de agosto de 2015

CARNE DE VARAL

CARNE DE VARAL

Quem não sabe o que é, pergunte aos pais e avós e descubra a delícia que é.
Eles vão lembrar de contos e de um tempo, em que se pendurava e se estendia, toda a carne que se comia
Nessa época não existia freezer nem geladeira e quem tinha era luxo, podia guardar o bucho.
 Toda a carne verde(fresca), como o peixe que se pescava, iam parar no varal, ou então se estragava.
Carne seca de varal, também chamada de carne de sol, depois onde que fica, pois então,  com farinha de mandioca, guardava-se na barrica.
Nos tempos do fogão de lenha, quando a brasa se formava, puxava-se um pouco pra fora e a carne na grelha assava.
A chaleira aquecia a água que se fervia. Depois da água quente, farinha se misturava, pirão escaldado ficava e com carne assada se mastigava.
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Hoje, relembrando os tempos antigos, num encontro de amigos, um certo fulano de tal, se meteu a bobear e se pôs a fazer uma carne de varal.
Os fatos foram  registrados na casa da Lauguinha e do Caminha, lá  no sul da ilha, perto da trilha de  Naufragados.
Trouxe uma costela de boi, também tinha linguiça, ele cheio de bobiça, teimava e dizia, não preciso de sol, faço fogo, faço brasa, debaixo do varal da casa.
Achei aquilo esquisito e indaguei, isso tem jeito?, e o fulano de pronto respondeu, não duvides da astúcia dum ex-Prefeito.
É que o fulano veio do sul cheio de brio, além de doutor de bicho e outros predicativos, foi Prefeito de Sombrio.
A costela cheia de alho, foi esticada no varal em forma de penduricalho. E  começou a assar, em fogo enfumaçado, cruz credo, não se sabe o que vai dar.
O Bruxo que é um cara esdrúxulo e anda sempre torrado, para agradar o fulano, dizia ta tudo assado.

Na hora da comilança, foi que começou a lambança.

A dona da casa não gostou, porque a carne ficou encruada, mal passada, mas o fulano de tal,  teimava e dizia que tava assada.
O bate-boca se estendeu com todos ali na mesa e ela falava alto, por favor não me engane, essa carne tem sangue.
Diante do reboliço, o Luis e a Berê, olhavam um para o outro, sem saber o que fazer. 
A Diva e a Gleusi, para não criar mais problema, caladas ficaram com as risadas da Lena.
Eu, que estava cheio daquele lero lero, saí fora da mesa e fui matar a fome, comendo a sobremesa.
Com os ânimos acalmados, virou farra depois, comecei a fazer humor para agradar os dois.
Num domingo, bonito dia de sol, este foi o final de uma destrambelhada carne de varal.


"Qualquer semelhança é mera coincidência"

Homenagem ao meu amigo Podinho.
Dr. Leopoldo Renato Alves da Silva - Médico Veterinário

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-
                                                    
                                                    






quarta-feira, 1 de julho de 2015

BERBIGÃO, O BODE QUE COMIA JORNAL

BERBIGÃO
O BODE QUE COMIA JORNAL

Mas, o que tem a ver o bode com o berbigão? É que o bode estava no caminho do berbigão. Como assim?

 Entre os contos  e galhofas de Potécas, lembram os amarelos da goiaba do lugar, de uma passagem dos que de lá vinham e por ali tinham que passar, para chegar a praia de Barreiros e tirar, catar berbigão.
Em épocas de marés seca, os amarelos da goiaba se reuniam e de carroças chegavam nas proximidades da praia.
 Mas, para chegar a praia tinha um caminho e no caminho estava o bode.
Era um bode grande, chifrudo, brabo e atacava a todos que passavam pelo caminho. O dono do bode era também o dono do terreno e deixava o bode solto, para impor respeito a propriedade.
O dono do bode era um sujeito sisudo, que ainda advertia;  ài de quem machucar o bode.
Para as mulheres  e raparigas era de muito medo e desespero. O catinguento do bode atacava de testadas e chifrava mesmo. Já os homens mais corajosos,  corriam em distração ao bode e todos então, podiam passar.
A distração já não estava adiantando mais, o bode atacava de tal modo que nem mesmo os homens ele respeitava mais.   As mulheres  então, já não queriam mais vir tirar berbigão.
Um certo dia, um dos homens acuado pelo bode e sem saída da perseguição, puxou do bolso uma nota de Cr$ 1,00(um cruzeiro) e jogou em sua direção.  O dinheiro saiu a voar e fez  o bode parar a perseguição, pois aparou-o com a boca, pondo-se a mastigar. Isso fez com que o bode acalmasse enquanto mastigava e comia o dinheiro. A partir de então, o bode parou de correr atrás das pessoas. Era só dar-lhe uma nota de Cr$ 1,00 para comer.
Mas, nem sempre alguém tinha a nota e o bode voltou a atacar. Um dos amarelos da goiaba, teve a idéia de tentar enganar o bode com uma folha de jornal. Pois não é que o bode gostou e se dava por satisfeito a mastigar e a comer uma folha de jorrnal, tanto na ida, como na volta do berbigão.
Enfim, para alegria de todos, o caminho do berbigão, estava livre do bode chifrudo e catinguento.
Depois de tudo isso, entre amigos, surge nas portas de venda do lugar,  a galhofa de maldição de um para o outro:   “eu te desejo tudo o que Deus deu pro bode; galho e catinga
.......................................................................................................................
História
Até os anos 70-século XX em São José e Palhoça-SC, a praia de Barreiros, assim como os baixios de Campinas,  Praia Comprida e Ponte do Imaruí, foram abundantes criadouros naturais desse molusco comestível.
De origem de sucessão dos descencentes açorianos, Potécas à época, era um lugarejo agrícola e pastagem de São José, entre os bairros de Forquilhas e Barreiros.
Amarelo da goiaba foi uma expressão pejorativa do manézinho da Ilha-SC e do lado continental, referida aos indivíduos de cor amarelada, anêmicos,mal alimentados da época.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                historiador




terça-feira, 30 de junho de 2015

SÃO JORGE - OGUN

MOSAICO
O g u n


SÃO JORGE EM MOSAICO
Centro Espírita de Umbanda São Cosme e Damião
Inaugurado em 13/01/1983
Rua Pedro Hermes, nº 81 – Bairro Roçado – São José – SC.

OGUN – Na mitologia, Divindade do povo Yorubá de origem africana.
Nos Centros de Umbanda do sul do Brasil, é representado pelo Santo guerreiro São Jorge.
Já no nordeste do Brasil é representado por Santo Antônio, principalmente na Bahia.

                                   MOSAICO >>> OGUN >> SÃO JORGE



Desenho feito com embutidos de várias pedras de cores diversas, pavimento feito de ladrilho variegado(colorido), arte de fazer obra desse gênero, qualquer obra de artefatos composto  de partes visivelmente definida, miscelania.
Obra do artista plástico Leopoldo Renato Alves da Silva(Podinho)  Podinho é Médico Veterinário e na política foi Prefeito do Município de Sombrio-SC. 1998/2002.
Esta obra traduz para si,  a gratidão familiar de elevação espiritual recebida neste Centro Espírita, através do Pai de Santo Clóvis  Tupinambá Alves Barbosa.

Médico Veterinário, Clóvis Tupinambá Alves Barbosa, nasceu em 13/03/1953  em Porto Alegre-RS.  Sua crença, vem da devoção  paterna do seu nome, inspirada no caboclo Tupinambá.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-




sábado, 14 de março de 2015

FUTEBOL DE VÁRZEA

FUTEBOL DE VÁRZEA
Ponta de Baixo
1935 -1985
        Histórico do futebol varzeano

“É dos contos que ouvimos e a historia que construímos, ou que,  pelo menos, ativamente participamos, leva-nos a rememorar os tempos do futebol varzeano e inspiração de torcidas por times de futebol, no curto  caminho da Ponta de Baixo, na sede do município e outras localidades de São José-SC.
Esta matéria procura enriquecer a história de São José e tem a colaboração do historiador Osni Antônio Machado,  com seu acervo de fotos.  Autor e historiador, o conhecido Nini, expõe as fotos do Ipiranga F.C., Olaria F.C. e a do juiz de “guarda-chuva”, num jogo de domingo pela manhã, entre casados e solteiros no campo da Praça”.

A expressiva força do futebol varzeano na sede do município com o Ipiranga F.C. inspirava e motivava outras localidades do município como  Roçado com o Niterói F.C. mais tarde a S.E. Palmeiras, Praia Comprida e Campinas com o Campinas F.C., este fundado em 1927 e o time da Madereira Brasil Pinho. Em Barreiros com o America F.C., Ipiranga E.C. 1962, Bandeirantes E.C. e S.R.E. Saldanha da Gama. Na Ponta de Baixo com Olaria F.C., Palmeiras F.C. e Conrinthians F.C.
No Sertão do Imarui e rio acima, destacavam-se o Botafogo F.C., o Colônia Sant’Ana, o Colônia Santa Tereza e o Aimoré em São Pedro de Alcântara.
No alge de uma geração de equipe e jogadores de destaque na várzea, a S.R.E. Saldanha da Gama de Barreiros,  conquistou o Campeonato Amador de Floriánópolis e região, promovido pela extinta TV Cultura, modalidade de futebol varzeano-amador.

Uma das histórias do futebol varzeano da Ponta de Baixo como jogador, foi João Machado Neto(1926-1992), conhecido com o apelido de Ninho. Outros em destaque de fino trato com a bola, merecem lembranças, pois a inteligência comandava a bola nos pés. Entre esses, Maurílio João Ferreira de Souza(centroavante) e João Machado – Dandica ou Dandão(lateral esquerdo).

Neste histórico, vou me ater aos legados, os contos e relatos dos personagens Ninho e Gato, este último, destacado e folclórico juiz de futebol varzeano.

Da mesma geração, Osni Albino Ramos, o Gato, era um assíduo leitor dos Jornais do Rio de Janeiro. Um apaixonado torcedor do C.R. Flamengo e pelo  Avaí  F.C. Inteiráva-se de tudo sobre o futebol, jogadores, escalações e as regras de jogo. Reconhecidamente um cabedal de sabedoria, portador de uma memória invejável. Oleiro de ofício, Osni 1927-1984, tornou-se uma referência no apito, arbitrando até partidas intermunicipais.

Ninho foi um habilidoso centroavante varzeano de pouca estatura, mas de grande impulsão ao sair  do chão. Artilheiro  com habilidade nos dribles, batia com os dois pés e ainda se destacava também um grande artilheiro no cabeceio dentro da área adversária. Gols de cabeça, arte como poucos no futebol.
Na vida de ofício, era um exímio pescador com anzóis e tarrafas a Val e artes de oleiro. Como  torcedor, o C. R. do Flamengo e Figueirense F.C., suas paixões.

Época em que o rádio começava a ser conhecido por todos no lugar. Quem adquiria um, reunia muitos de sua vizinhança em sua casa, para ouvir programas  da Rádio Nacional, outras do (RJ) e principalmente jogos de futebol do Rio de Janeiro.
Em 1937/38, a força do futebol varzeano na sede do Município, leva a Prefeitura Municipal,  a construir no largo frontral da Praça e que dá acesso ao Trapiche, um campo de futebol. O amplo local, que já era utilizado em peladas, passa à ser o campo utilizado pelo Ipiranga F.C., fundado em 1938.
Nas décadas de 50/60 e 70,  aparecem jogadores na várzea, que  destacaram-se na região de São José e Florianópolis.
Em 1959, revela-se o craque Valério Mattos, que fez parte da equipe do Paula Ramos  de Florianópolis, que sagrou-se campeã estadual.


Ipiranga F.C., meados da década 50
Esquerda para direita: Arnoldo Souza, Nilton Ramos, Jacó, Jorge Destri, Polaco, Jaci, Valério, Osni Ramos,-direita, Wilson, Doca, Betinho, Armando e Raul Leite.

Outros como Vilson do Campinas F.C e Ipiranga F.C., chamado de motorzinho pela velocidade na ponta direita, foi profissional no Figueirense F.C. assim como o centroavante Nilton Plat, conhecido como Ito(Ipiranga F.C.)., também profissional no Figueirense F.C.
Outros do Ipiranga F.C.  como, Telmo Domingues, Alceu Plat(Ceceu), Capota, Mário caolho, Mário Rila, Perácio, Dandica, Vilmar... e mais.....

Contava Ninho, que em inícios dos anos 40, surge o primeiro movimento de futebol da Ponta de Baixo com o nome de Pontista F.C.
Como não havia campo de futebol no lugar, a iniciativa durou pouco mais de um ano e não deu progressão.
O nome pontista sugere o nome do lugar, inicialmente conhecido como Costeira da Ponta, assim está registrado oficialmente em 1908,  a hoje Ponta de Baixo.

Em 1942/43, surge um novo movimento de time de futebol. Agora com os trabalhadores das olarias, já que o lugar concentrava muitas olarias de louças de barro e foi batizado de Olaria F.C.
Sem campo para jogar, inicialmente o time jogava fora e esteve prestes a desaparecer. Entre 1949 e 1951, Oscar Schmidt permite a construção de um campo de futebol em suas terras e o Olaria F.C. passa a ter espaço para peladas e fechamento de jogos.

É desses tempos e com a chegada do rádio, que vem a predileção de torcida pelos times do Rio de Janeiro, aliada a influência da sede do município e da Capital Florianópolis.  C.R. do Flamengo, C.R. do Vasco da Gama, Fluminense F.C., Botafogo F.R. e América F.C.
 Os demais times do Rio, não despertavam interesses de torcedores porque eram considerados caixas de pancada, apenas participantes do campeonato. Entre esses, os que mais figuravam, o Bangu, Olaria, Campo Grande, Bonsucesso, Canto do Rio e Madureira.

COPA DO MUNDO DE 1950

Predileção maior da época, era  mesmo a Seleção do Brasil, convocada para a Copa do Mundo no Brasil.
Todos tinham sua seleção, a falação era grande na defesa de jogadores dos seus times. O Brasil já se destacava como futebol arte, excepcionais craques de bola. Para a crônica esportiva e para a torcida, o título era certo.
E veio a Copa, a Seleção passeava em campo, exibia espetáculos e goleava. Mas na final, o inacreditável para a época aconteceu. Para o Brasil bastava empatar e era campeão. Pois bem, começou o jogo campeão. Fêz 1x0, era mais campeão ainda. O Uruguai empatou. O Brasil ainda era campeão. Mas, o Uruguai fez 2x1 e levou a Copa.
Nos contos de Osni Albino Ramos, mais de 200.000 torcedores estavam no Maracanã. O Brasil chorou, mas a paixão pelo futebol não deixou de invadir os bairros, as peladas, a várzea.

COPA DO MUNDO DE 1958

Suécia, o Brasil é Campeão do Mundo no futebol. Na final 5x2 contra a Suécia. Garrincha encanta o mundo, Nilton Santos, desponta a trajetória do Rei Pelé. Uma Seleção de craques. A paixão nacional pelo futebol, lava a alma dos brasileiros. A várzea está em festa, a juventude quer jogar futebol.

Em fins dos anos 50, a desorganização de lideranças na Ponta de Baixo, aliada ao enfraquecimento das olarias de louças de barro, levam a geração do Olaria F.C., a quase cair no abandono.
Nessa época, muitos dos jogadores da Ponta de Baixo, vão jogar no ascendente Cruzeiro F.C. da Ponte do Imarui-Palhoça.

O BRASIL É BI-CAMPEÃO MUNDIAL DE FUTEBOL EM 1962
Chile, Brasil vence a Tchkoslowaquia na final por 3x1 e sagra-se bi-campeão de futebol. Amarildo se consagra no lugar de Pelé machucado. Garrincha, Zagalo, Nilton Santos, Didi, Zito & Cia., voltam encantar o mundo do futebol.
A várzea está em festa, o futebol nos finais de semana nos bairro é a coquelixe nacional.

Em 1960/61, o Olaria  F. C., resurge com um só time, sem o segundo time(aspirante), modalidade estrutural da  época, presidido por Carlos Albino Ramos(Carlinhos, também conhecido como Tatuzinho) com o apoio dos irmãos Gete e Jair Parente, ambos jogadores integrantes do time.
O time joga somente fora, geralmente aos sábados a tarde e domingos pela manhã, com poucas atuações no campo da Ponta de Baixo e utiliza mais o campo da Praça.


OLARIA F.C. 10-07-1960 – Campo da Praça
Osni cão-torrado, Carlos Antônio, João Martins, Jorge Destri, Cesar Neves, Mauro, Osni, Gete Parente, Pedro Domingues, , Mário Rila e Guingo(Valmir  Ambrózio Batista)

Na verdade, de lá para cá, o nome Olaria F.C., jamais foi esquecido, permanece em atividade, sob domicílio de Jair Parente no Centro Histórico de São José.

Amante apaixonado do futebol varzeano, Jair Parente o tem como seu time de futebol, reúne amigos do bate bola, monta o time, realizando jogos aos sábados a tarde ou domingos pela manhã. História preservada.

Em 1963/64, filhos da geração do Olaria F.C, liderados por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), Moacir M. de Melo e Otávio Teófilo Ramos(Tavico), fundam um novo time com o nome de Palmeiras F.C., inspirados na sensacional fase do famoso time de São Paulo.
O Palmeiras F.C. se fêz um bom time com essa geração, fez grandes apresentações, destacadas vitórias dentro e fora de casa, reunia muitos torcedores aos domingos a tarde de jogos.
Outro feito dessas lideranças, foi a ativação da sede social com bailes e domingueiras na sede da Colônia de Pesca Z-11, que continha a Capela do Padroeiro São Pedro e a sala de aulas da escola isolada do lugar. Tempos em que, até a procissão marítima de São Pedro, foi reativada em mais uns anos subsequentes.
A eleição de Prefeito Municipal de São José, muda toda a história do campo de futebol da Ponta de Baixo. A família de Oscar Schmidt, proprietária do terreno do campo de futebol, apoiava a candidatura de seu cunhado José Virgilino Ferreira de Souza, conhecido com Zezé do Virgilino, PSD-Partido Social Democrático.
As lideranças do time de futebol do Palmeiras F.C., liderados por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), ligados ao cabo eleitoral Mário Estevão dos Santos, trabalharam para a candidatura de Cândido Amaro Damázio, conhecido como Candinho, UDN-União Democrática Nacional.
A vitória de Candinho da UDN foi esmagadora, culminando com revanchismo político da família de Oscar Schmidt em desativar o campo de futebol, mais tarde loteado.
Sem o campo e outras divergências das lideranças, o time Palmeiras F.C., deixa de existir.

CAMPOS DE FUTEBOL VÁRZEA EM SÃO JOSÉ

Com excessão do campo de futebol da sede do município, que pertencia ao poder público e que, mesmo assim, em finais dos anos 70, não resistiu a expansão do município.
Em 17/05/1975, o Ipiranga F.C., fêz seu último jogo no campo da Praça com o Nilo Peçanha, clube de futebol da Escola Técnica Federal de SC. Há registros do Historiador Osni Antônio Machado, que confirma o resultado de 8 x 1 em favor do Ipiranga F.C.
Em 1977/78, a Prefeitura Municipal de São José, entrega o novo campo em novo endereço ao Ipiranga F.C.
A mudança de local, embora pertencente ao poder público, sem ônus para o clube, desestruturou o futebol do Ipiranga F.C., levando a sua inatividade.
Sabe-se que o campo depois de pronto, chegou a ser inaugurado pelo Ipiranga F.C. e que, depois mais um jogo, houve o abandono por parte de seu futebol.
 O terreno do campo de futebol, direcionado ao Ipiranga F.C., foi doado em 1982 ao Estado de Santa Catarina, que construiu no local o Hospital Regional de São José - Dr. Homero de Miranda Gomes, inaugurado em 15/02/1987.
Os demais campos de futebol de várzea do município, eram propriedades particulares, que gradativamente foram desativados pela expansão imobiliária.
Os exemplos do Brasil central, chegam a nossa região a partir de finais dos anos 60, tendo conseqüências como regra geral, o abandono gradativo do futebol varzeano organizado nos bairros.

FATO PITORESCO

Em 1963-07-07, no campo da Praça de São José, ou chamado por muitos como campo do Ipiranga, acontece uma cena inusitada e até certo ponto folclórica, que marca a trajetória do requisitado juiz de futebol varzeano Osni Albino Ramos, o Gato.


OSNI ALBINO RAMOS, o juiz de guarda-chuva – campo da Praça 07-07-1963

Era uma manhã de domingo e de chuva fina. Osni estava na Praça com o pequeno filho Édson, o cabeção, hoje mundialmente conhecido como o famoso Professor Cebola – Édson Osni Ramos.
Um jogo entre casados e solteiros estava por começar e faltava um juiz para apitar.  De repente alguém anuunciou a presença de Osni com seu guada-chuvas na Praça. Osni não resistiu a insistência dos convites, mas relutou ao lembrar da adverrtência da mulher. “Não te molha, estás gripado, isso pode piorar”. Mesmo assim resolveu apitar. Então, descalçou os sapatos, arregaçou a calça e de paletó, guarda-chuvas e apito na boca, deu início e apitou toda a partida de futebol entre casados e solteiros naquela manhã.  Folclórico, não? 
O registro dessa cena inusitada, está na foto batida pelo historiador Osni Antônio Machado, que no dia fotografou um dos momentos do jogo,  sem qualquer pretenção.
 Essa foto foi publicada no Diário Catarinense na coluna de  cronista esportivo Roberto Alves, encaminhada pelo historiador.
Um detalhe a ser esclarecido: Embora o apelido de Osni Albino Ramos, seja Gato, podendo ser um sugestivo insulto ao juiz de futebol, no caso do Osni, não era por isso e sim pelo gosto que tinha por peixes.
Na verdade, sempre foi um isganado, guloso.
 O fato é que o gato gosta de peixes, por isso levou esse apelido de sua turma.


Em 1965/66, liderados pela mesma turma do extinto Palmeiras F.C., depois de entendimentos com o proprietário do pasto da fazenda, novas lideranças do lugar Picadas do Sul e núcleo de moradores do loteamento da Fazenda do Max, que leva o nome de Santo Antônio, fundam o Independente F.C.
O campo do Independente F.C. foi feito em mutirão pelos organizadores, lá no meio do pasto da fazenda. Inicialmente, o campo era irregular, cheio de moitas salientes, que foram desaparecendo com o pisar dos jogos.
A partir de então, uma nova sociedade se criou em torno do futebol varzeano na localidade, tendo a frente jogadores da Ponta de Baixo, outros do lugar e arredores.
           
Em 1967/68, mesmo sem campo de futebol, filhos da geração do Olaria F.C.  e do Palmeiras F.C., fundam um novo e o último time na Ponta de Baixo.
Surge o Corinthians E.C. com uniformes recebidos por doação de um político, que jamais quiz ser identificado. A cor do uniforme não tinha nada do Corinthians de São Paulo. Camisa vermelha, gola e mangas azul, calção azul, meia vermelha com barra azul. Sabe-se que denominou-se Corinthians por vontade do doador em compromisso assumido pela turma do futebol. A equipe formava 2 times, primeiro e segundo, com mescla de jogadores da Praça de São José e do Caminho de Cima. Como não tinha campo, jogava somente fora de casa e aprendeu como poucos times da época a jogar de igual para igual nos campos dos adversários.
O time se desfêz em finais de 1968. Definitivamente, a Ponta de Baixo deixa de ter time de futebol varzeano e muitos jogadores passam a jogar em times de outros bairros. Outros jogadores dessa geração, são contratados por um novo time que surge na Ponte do Imaruí-Palhoça com o nome de Esporte Clube Floriano.

Em 1970/71, registra-se ainda na Ponta de Baixo, uma turma boa de bola, que cria o Flamenguinho. Turma de um só time, o Flamenguinho foi uma geração de bons jogadores da várzea com sucessivas partidas vitoriosas aos domingos pela manhã. Turma boa de bola, sempre no campo dos adversários, mas, quando provocados, viravam uns marimbondos, briguentos, gostavam da farra. O time esvaiiu-se em meados de 1971.

COPA DO MUNDO DE 1970

México, o Brasil sagra-se Tri-campeão mundial de futebol, vence a Itália  por 4x1. O Rei Pelé volta a brilhar  com seus companheiros craques Rivelino,Tostão, Jairzinho, Gerson, Clodoaldo, Everaldo, Brito, Wilson Piazza, Carlos Alberto e Félix.

E eu estava onde tudo começava, na várzea das peladas, jogador de futebol, a inspiração pelos craques, a torcida, a paixão, os clubes, a seleção.
Tempos de glórias, sentir, vibrar com a vitória no futebol, criar uma jogada, driblar, ser o bom de bola, ser mascarado por ser o bom, marcar um gol, comemorar com abraços, vencer, vencer, vencer, levantar um troféu, receber uma medalha, ser campeão. Assim é a paixão nacional,  o



            F     U     T     E     B     O     L.    


COPA DO MUNDO 1982      
O México volta a sediar uma Copa do Mundo. O Brasil tem uma seleção das mais talentosas depois da conquista do Tri. É a era Zico, Sócrates, Falcão, Sérginho, Éder, Leandro, Paulo Izidoro, Toninho Cerezo, Junior, Oscar, Valdir Perez. De técnico, nada mais, nada menos, que o Mestre Telê Santana.
O futebol da seleção é talentoso e encatador, joga pra frente, busca o gol, jogadas ensaiadas, craques que desequilíbram, criam jogadas fantásticas, vence a Escócia, Rússia, Espanha e Argentina. O Brasil é apontado como o melhor futebol da Copa, joga fácil, encanta a torcida, recebe elgios da crônica esportiva.
Nas semi-finais enfrenta a Itália, que chegou se arrastando com empates, jogando mal, na retranca e com combinação de resultados.
O empate favorecia o Brasil, que fêz 1x0. A Itália empatou e virou o jogo 1x2. O Brasil empatou 2x2. Mas brilhou a estrela do centroavante Paolo Rossi, marcou 2 vezes. Itália 3x2.
Venceu  o jogo do Técnico Enzo Bearzot,. A retranca, a marcação em seu campo, do jogo por uma bola e deu certo. Itália Campeã do Mundo de 1982.
A paixão nacional ficou perplexa, angustiada, entristecida e se perguntava, porque perdemos se jogamos mais, tínhamos o melhor time, os melhores craques, encuralmos o adversário, porque o melhor não venceu?
Como jogador de várzea, me arrisco a responder: PERIPÉCIAS DO FUTEBOL
 Eu mesmo tive a experiência em campo de jogar melhor e perder, entrar desacreditado e vencer. COISAS DO FUTEBOL.

                       

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-









terça-feira, 3 de março de 2015

BECO DA CARIOCA DE SÃO JOSÉ-SC

CARIOCA
de
SÃO JOSÉ-SC


Carioca vem da denominação indígena(tupi) para casa de branco, ou seja, cari(homen branco), oca(casa) = casa de branco.


Carioca, referência popular que se faz as “bicas d´agua” que abasteciam a antiga vila.

Vislumbra-se que o local da CARIOCA de São José, foi a primeira fonte de água encontrada em 1750 pelos fundadores, que do mar aportaram em terra firme, desbravando picadas na mata naquela direção, na busca por água de se beber.
A picada encontrou no sopé do morro de árvores nativas, águas correntes sobre lajes entre pedras, que forma um pequeno grotão, onde brota ôlhos d’agua. Dos ôlhos d’agua, às  bicas, a fonte, a clareira da CARIOCA.


Carioca de São José-Cachoeira-24-02-2015.JPG
cachoeira, o poço da carioca.JPG
Águas da carioca
Poço da carioca


A CARIOCA, na Freguesia de São José, torna-se um lugar de uso comum, no enchimento de água em potes de barro para se beber e serventia do fogo, além do uso comum da fonte pelas mulheres na lavação de roupas.
Em 1839/40, a importância da CARIOCA  na Vila de São José, requer obras de melhorias, como contorno o da fonte com lavadores de pedra para esfrega de roupas.
A iniciativa das melhorias é da Câmara que administra a Vila e o município(1833), através de provimentos da Província, liberados nas gestão dos Presidentes, o Brigadeiro - João Carlos Pardal e do Marechal de Campo - Francisco Jozé de Souza Soares d’Andrea.

Carioca de São José-24-02-2015.JPG
mdccxl-1840 carioca de São José.JPG
Instalações da CARIOCA
                     MDCCCXL - 1840

No século XX, a evolução administrativa na sede(vila) e do município, aliada as melhorias do poder aquisitivo da população, leva a mudança da lida de lavação de roupas domiciliar.  Muitas famílias pagam pela LAVAÇÃO DE ROUPAS PA FORA. Na CARIOCA, surgem as LAVADEIRAS DE ROUPAS PRA FORA, assim chamadas. Na fonte de água, uma fonte de renda dos menos abastados.
Em meados do século, o crescente consumo de água pela população da sede e arredores, além do uso da fonte pelas lavadeiras, leva a Prefeitura em 1940, na gestão do Prefeito João Machado Junior, a melhorar as instalações com uma reforma geral, com estruturação em obra de cimento, canalização de valas, enquadramento da fonte com novos lavadores. As LAVADEIRAS  da CARIOCA, fonte de trabalho e renda.
Carioca-tanque de lavação 24-02-2015.JPG100_7608.JPG


Nas décadas dos anos 40 à meados dos anos 60, as LAVADEIRAS  faziam da CARIOCA , suas lidas diárias, as roupas chegavam carregadas em trouxas. Depois da lavação, a quaração estendida nos varais e no pastinho do arredor. Aos olhos de quem por ali passava, presenciáva-se as algazarras, cantorias, fuxicos, bondades, amores, mazelas, elogios, bate-bôcas, saía de tudo, além das conversas sobre os acontecimentos picantes da vila(sede). A CARIOCA  e seus tempos de água boa, fresquinha de se beber e das inesquecíveis voluntariosas LAVADEIRAS da Praça.
A partir de inicios dos anos 60, a evolução de infra-estrutura do município, leva a diminuição significativa das LAVADEIRAS  da CARIOCA. Atribui-se as melhorias da qualidade de vida, mudanças de comportamento das famílias com acesso ao sistema de água encanada e a chegada de máquinas de lavar no mercado.
Sabe-se que em 1950, o sistema de água encanada, foi implantado em São José, atendendo primeiramente o centro da vila(sede) e parte da Praia Comprida. Em fins dos anos 50 chegava ao bairro da Ponta de Baixo.
Em finais dos anos 60, o uso da CARIOCA já é muito restrito, mesmo para o crescente aumento de moradores das proximidades. Já não dependem mais das águas e da fonte.
Em inícios dos anos 70, a CARIOCA, sofre um duro golpe ecológico, que veio a comprometer suas águas e seu meio ambiente, pela pobreza de consciência pública/privada e de legislação ambiental da época.
A propriedade privada da mata nativa do morro, extremante a pequena mata de reserva da CARIOCA, foi negociada, desmatada e loteada.
Após a abertura de ruas do loteamento, logo na primeira enxurrada, trouxe de morro abaixo muita água e lama, que tomaram conta de todas as instalações. Sobre protestos, a limpeza da lama foi feita pelo proprietário do loteamento e manutenção da Prefeitura Municipal.
A partir de então, instalou-se o desequilíbrio e o abandono da CARIOCA, especificamente na pureza de suas águas.  

Século XXI - 2015-03-02, a memória, o patrimônio público ainda no aguardo das promessas e projetos de revitalização da CARIOCA, anunciados pela Prefeitura Municipal de São José.

Glossário
fogo
ô/
substantivo masculino

6. antiga denominação:
casa de habitação; lar, residência.
"uma vila com uma centena de fogo”

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º

              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-