CARIOCA
de
SÃO JOSÉ-SC
Carioca vem da denominação indígena(tupi) para casa de branco, ou seja,
cari(homen branco), oca(casa) = casa de branco.
Carioca, referência popular que se faz as “bicas d´agua” que abasteciam a antiga vila.
Vislumbra-se que o local da CARIOCA de São José, foi a primeira fonte de água encontrada em 1750 pelos
fundadores, que do mar aportaram em terra firme, desbravando picadas na mata naquela
direção, na busca por água de se beber.
A picada encontrou no sopé do morro de árvores
nativas, águas correntes sobre lajes entre pedras, que forma um pequeno grotão,
onde brota ôlhos d’agua. Dos ôlhos d’agua, às bicas, a fonte, a clareira da CARIOCA.
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Águas da carioca
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Poço da carioca
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A CARIOCA, na
Freguesia de São José, torna-se um lugar de uso comum, no enchimento de
água em potes de barro para se beber e serventia do
fogo, além do uso comum da fonte pelas mulheres na
lavação de roupas.
Em 1839/40, a importância da CARIOCA na Vila de São José, requer
obras de melhorias, como contorno o da fonte com lavadores de pedra para esfrega
de roupas.
A iniciativa das melhorias é da Câmara que
administra a Vila e o município(1833), através de provimentos da Província,
liberados nas gestão dos Presidentes, o Brigadeiro - João Carlos Pardal e do
Marechal de Campo - Francisco Jozé de Souza Soares d’Andrea.
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Instalações da CARIOCA
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MDCCCXL - 1840
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No século
XX, a evolução administrativa na sede(vila) e do município, aliada as melhorias
do poder aquisitivo da população, leva a mudança da lida de lavação de roupas
domiciliar. Muitas famílias pagam pela LAVAÇÃO
DE ROUPAS PA FORA. Na CARIOCA, surgem as LAVADEIRAS DE ROUPAS PRA
FORA, assim chamadas. Na fonte de água, uma fonte de renda dos menos abastados.
Em meados
do século, o crescente consumo de água pela população da sede e arredores, além
do uso da fonte pelas lavadeiras, leva a Prefeitura em 1940, na gestão do Prefeito João Machado Junior, a melhorar as
instalações com uma reforma geral, com estruturação em obra de cimento, canalização
de valas, enquadramento da fonte com novos lavadores. As LAVADEIRAS da CARIOCA, fonte de trabalho e renda.
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Nas
décadas dos anos 40 à meados dos anos 60, as LAVADEIRAS faziam da CARIOCA , suas lidas diárias, as roupas chegavam carregadas
em trouxas. Depois da lavação, a quaração estendida nos varais e no pastinho do
arredor. Aos olhos de quem por ali passava, presenciáva-se as algazarras,
cantorias, fuxicos, bondades, amores, mazelas, elogios, bate-bôcas, saía de
tudo, além das conversas sobre os acontecimentos picantes da vila(sede). A CARIOCA e seus
tempos de água boa, fresquinha de se beber e das inesquecíveis voluntariosas LAVADEIRAS da Praça.
A partir de inicios dos anos 60, a evolução de
infra-estrutura do município, leva a diminuição significativa das LAVADEIRAS da CARIOCA. Atribui-se as melhorias da qualidade de vida, mudanças de
comportamento das famílias com acesso ao sistema de água encanada e a chegada
de máquinas de lavar no mercado.
Sabe-se que em 1950, o sistema de água encanada,
foi implantado em São José, atendendo primeiramente o centro da vila(sede) e
parte da Praia Comprida. Em fins dos anos 50 chegava ao bairro da Ponta de
Baixo.
Em finais dos anos 60, o uso da CARIOCA já é muito
restrito, mesmo para o crescente aumento de moradores das proximidades. Já não
dependem mais das águas e da fonte.
Em inícios dos anos 70, a CARIOCA, sofre um duro
golpe ecológico, que veio a comprometer suas águas e seu meio ambiente, pela
pobreza de consciência pública/privada e de legislação ambiental da época.
A propriedade privada da mata nativa do morro, extremante
a pequena mata de reserva da CARIOCA, foi
negociada, desmatada e loteada.
Após a abertura de ruas do loteamento, logo na
primeira enxurrada, trouxe de morro abaixo muita água e lama, que tomaram conta
de todas as instalações. Sobre protestos, a limpeza da lama foi feita pelo
proprietário do loteamento e manutenção da Prefeitura Municipal.
A partir de então, instalou-se o desequilíbrio e o
abandono da CARIOCA,
especificamente na pureza de suas águas.
Século XXI - 2015-03-02, a memória, o patrimônio
público ainda no aguardo das promessas e projetos de revitalização da CARIOCA, anunciados pela Prefeitura Municipal de São José.
Glossário
fogo
ô/
substantivo masculino
6. antiga denominação:
casa de habitação; lar, residência.
"uma vila com uma centena de fogo”
Contos
que conto
Quem
conta um conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto: Gilberto J.
Machado
-Historiador-
Tomei muita água da carioca , quando era límpida e ficava olhando os pássaros de banana , gaturama , saíras , tiozinho , e armando as gaiolas para pegar os bichinhos , pura ignorância de infância !
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