sexta-feira, 19 de julho de 2013

CAMARÃO DO CORSO



CORSO
I
CAMARÃO DO CORSO
Santa Catarina-Brasil, nas águas das baias norte e sul

Diz-se nas Zonas de Pesca das baias norte e sul do lado continental e lado insular da Ilha de Santa Catarina. “Modalidade de pesca de camarão do mar de fora, mar grosso, de águas frias e profundas, que entra em nossas baias de águas mais aquecidas para fazer o corso, a desova ou seja, a época dessa postura”.
É nessas águas mais aquecidas de nossas baias, o habitat natural apropriado, que o camarão legítimo, assim chamado, encontra para fazer o corso.
Nas águas mais profundas das baias norte e sul é encontrado  e pescado nos meses de dezembro à inícios de março.
Épocas de um defeso desconhecido, ou se conhecido, não respeitado e das maiores aglomerações de canoas de garapuvu, que já se viu nessas baias.
Em 31/12/69 e 01/01/70, registra-se uma das maiores safras, abundância de camarão do corso, em frente a praia do Tomé na Barra do Aririú-Palhoça/SC. Mais de 220 canoas de garapuvu foram contadas. Uma das canoas da Barra, com dois pescadores e duas boas tarrafas/nylon de 23 palmos com carapuça/bucho, num só dia, pescaram 118 kg de camarão.
Era uma festa no mar, o pescador artesanal, enchia a burra. Sim porque, ali mesmo, tinha comprador e recebimento em dinheiro vivo, assim chamado. Ao contrário de anos anteriores, em que, o pescador retornava mais cedo, ainda pela manhã, para fazer a venda do camarão na praia e sair a vender de balaios cheios.
Quando não se vendia tudo e ainda não havia o gelo, o camarão era cozido, salgado colocado em peneiras e balaios rasos ao sol, em cima dos telhados das casas. Comia-se seco puro ou com pão e café. 
Até a década dos anos 60 do século passado, o camarão do corso, era pescado com tarrafas de linha 10, com carapuça ou bucho. Para se tornarem mais pesqueiras, as tarrafas eram banhadas com a clara do ovo.
Até então, as linhas usadas pela pesca artesanal em redes e espinhéis, eram as linha ursa, gerbo e o fio de barbante. Épocas em que o pescador artesanal, colocava em prática sua criatividade e tinturava as redes e as deixavam mais rígidas, pesqueiras e melhor de mannuseio. Essa pratica de tintura, se fazia com a casca do tronco da arueira, raízes e folhas de mangue socadas e depois fervidas.
Logo depois, melhora a qualidade dos fios com o surgimento do fio sedado maleável e o fio barquinho sedado de cor escura e rígido.
Ainda nos anos 60, aparece o nylon, que substitui essas linhas, inclusive os arames de caniços.
Em finais dessa década, surgem as redes de caceio e dá outra modalidade de pesca do camarão. Nos primeiros anos dessa modalidade, havia pesca diária de até 350 kg por embarcação.
Concomitantemente, predadores que se dizem pescadores, introduzem as redes de prancha ou de arrasto, que gradativamente, vem exercendo o maior extermínio de todas as espécies marinha nas baias norte e sul.
Na baia sul, essa pirataria assasina, recebeu a repulsa do pescador artesanal e aparentemente está contida, sempre vigiada dos predadores da baia norte.
Ainda hoje, no canal entre a Ilha do Largo e a Ponta do Cedro na Enseada de Brito, o camarão faz o corso, não com tanta abundãncia e é pescado com tarrafas de argola e redes de caceio.
A introdução da tarrafa de argola na baia sul, se deu em 1987-88, em conseqüência da escacez de camarão na Lagoa de Santo Antônio em Laguna. Pescadores de lá, acampam na Enseada de Brito para fazer a pesca do camarão do corso e trazem consigo, essa modalidade de tarrafa. Trata-se de uma tarrafa mais pesqueira em águas profundas.
Mas, na baia norte Zona 28, esses predadores ainda fazem a pesca clandestina do arrasto. Os trapiches de Serraria em São José e de Biguaçu, são seus ancoradouros de referência e, dali partem para essa prática pirata.
Pirataria, um dos significados do corso, guerra no mar, porém contra os criadouros naturais de nossas baias. Já fazem várias décadas, que nessas águas, a pesca do camarão com tarrafas foi abandonada e o caceio praticado, sofre as conseqüências da ilegalidade do arrasto.
Apesar das ações empreendidas, essa ilegalidade, está sendo  um desafio para a Delegacia Marítima da Polícia Federal, com sede na rua 14 de julho no Bairro Estreito em Florianópolis/SC.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-

sexta-feira, 12 de julho de 2013

CACUPÉ & COSTEIRA DO PIRAJUBAÉ



CACUPÉ
&
COSTEIRA DO PIRAJUBAÉ
Florianópolis-SC



Segundo os guarani mbyá de Biguaçu, "Cacupé" era uma grande aldeia onde           residiam caciques, curandeiros, conselheiros, músicos e caçadores. Vem de "Tekuá guassú Há Há Kupé", que significa "Terra Grande do Pé de Erva, Mato".
e/ou
Cacupé – de origem tupi-guarani e provavelmente significa “verde por trás do morro”. 
Cacupé: de caá folha de arvore, o mato, e cupê atras, apoio, costa,
logo: costa do mato, atras do mato.
 

Já "Pirajubaé", outra aldeia, vem de "Pirá'Jumboaié" (Outro tipo de peixe amarelo). Reporta-se à abundância no local de um tipo de peixe amarelo que os antigos índios carijós conheciam por "Pirá'Jumboaié".
Pirajubaé
Vem de Pirá'Jumboaié e se refere à abundância no local de um tipo de peixe amarelo que os antigos índios carijós conheciam por esse nome.
Fonte google
Índios na Ilha de SC


CONJECTURA
A abundância do cara amarela

Na Ilha de Santa Catarina e lado continental, constata-se por observação, que o  criadouro natural dessa espécie, se dá nos rios com encostas de manguesais, que desembocam nas águas das baias norte e sul.
Mas, o que é o cara amarela? É o peixe chamado entre nós nativos e pescadores artesanais de parati cara amarela. De sabor diferenciado de sua espécie, o gostoso cara amarela, era abundante  em cardumes ou mamgotes e mantas(do mané), desde a foz do Rio Tavares às águas da baia costeira. Hoje, não com àquela abundância, o cara amarela, ainda é pescado em nossas baias e rios. Apesar do cari(homen branco), invadir e ocupar as encostas dos rios, aterrar manguesais e despejar seus degetos nas baias norte e sul.
Na Ilha dos antigos índios do pirá jumbuaié, à ocupação e adaptação do cari(homen branco). O cara amarela do cari, por uma questão de linguagem.

PS., a propósito, vem dos tempos das vovós..,quem ainda não comeu, deve experimentar.
Um cara amarela, enrolado na folha da bananeira com escama e tudo, assado em cima de uma chapa de fogão a lenha. Depois de assado, retire a pele com a escama, que praticamente se solta da carne. Faça uma salmora, tempere, coma e sinta o sabor.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-




terça-feira, 2 de julho de 2013

CANADA & CANA



CANADA
&
CANA
nas olarias de louças de barro

“Canada - antiga medida de líquidos, equivalente a 2,622 litros”.

Até meados do século XX, o oleiro de São José-SC, Brasil, ao modelar o bojo de uma peça para líquidos, definia pelo nº. de canadas.
Ex. ½ litro, 2 canadas. 1 litro 4 canadas, dependendo da peça.
O exemplo mais comum era o boião de quartilho, que modelado com 2 canadas, correspondia a ½ litro.
Tempos de regras da tradição. Mestres de Oleiros definiam padrão, modelo e mensuração de peças à serem feitas pelos oleiros.





Cana - Utensílio de bambu, de formato  côncavo, cortada em diagonal nas extremidades.
É utilizada de forma sincronizada pela mão direita do oleiro, caracterizado-se como principal instrumento na modelagem e formato das peças. 
Da habilidade do oleiro com a cana na parte externa  e a mão esquerda no interior da peça, provoca naturalmente o seu levantamento em altura ou feitura do bojo, dependendo ai,  do nº de canadas efetuadas, além de alisar e proporcionar fino acabamento com esmero de qualidade.
A cana é feita do canudo do bambu dividido ao meio, cortada em diagonal nas extremidades, de dimensões variadas e apropriadas as peças à serem modeladas.
Atualmente, utiliza-se também no seu feitio, o cano de PVC.

Obs. Está no livro “O Caminho da Ponta de Baixo dos Oleiros e das Olarias”, capítulo 78, O feitio das louças de barro.



PS.  A propósito, a cana mais apreciada pela maioria dos oleiros, era a cachaça, assim chgamada por todos.
Nas vendas, o pedido era assim; bota uma cana aí. Nas olarias, sempre encontrava-se uma garrafa ou garrafão da cana de alambique. Eram uns verdadeiros gambás. No inverno bebiam pra esquentar, no verão pra infriá(esfriar). kkk

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-