CORSO
I
CAMARÃO DO CORSO
Santa Catarina-Brasil, nas águas
das baias norte e sul
Diz-se nas Zonas de
Pesca das baias norte e sul do lado continental e lado insular da Ilha de Santa
Catarina. “Modalidade
de pesca de camarão do mar de fora, mar grosso, de águas frias e profundas, que
entra em nossas baias de águas mais aquecidas para fazer o corso, a desova ou
seja, a época dessa postura”.
É nessas águas mais aquecidas
de nossas baias, o habitat natural apropriado, que o camarão legítimo, assim
chamado, encontra para fazer o corso.
Nas águas mais profundas das
baias norte e sul é encontrado e pescado
nos meses de dezembro à inícios de março.
Épocas de um defeso desconhecido,
ou se conhecido, não respeitado e das maiores aglomerações de canoas de
garapuvu, que já se viu nessas baias.
Em 31/12/69 e 01/01/70,
registra-se uma das maiores safras, abundância de camarão do corso, em frente a
praia do Tomé na Barra do Aririú-Palhoça/SC. Mais de 220 canoas de garapuvu
foram contadas. Uma das canoas da Barra, com dois pescadores e duas boas
tarrafas/nylon de 23 palmos com carapuça/bucho, num só dia, pescaram 118 kg de camarão.
Era uma festa no mar, o pescador
artesanal, enchia a burra. Sim porque, ali mesmo, tinha comprador e recebimento
em dinheiro vivo, assim chamado. Ao contrário de anos anteriores, em que, o
pescador retornava mais cedo, ainda pela manhã, para fazer a venda do camarão
na praia e sair a vender de balaios cheios.
Quando não se vendia tudo e ainda não havia o gelo, o camarão era cozido, salgado colocado em peneiras e balaios rasos ao sol, em cima dos telhados das casas. Comia-se seco puro ou com pão e café.
Quando não se vendia tudo e ainda não havia o gelo, o camarão era cozido, salgado colocado em peneiras e balaios rasos ao sol, em cima dos telhados das casas. Comia-se seco puro ou com pão e café.
Até a década dos anos 60 do
século passado, o camarão do corso, era pescado com tarrafas de linha 10, com
carapuça ou bucho. Para se tornarem mais pesqueiras, as tarrafas eram banhadas
com a clara do ovo.
Até então, as linhas usadas pela
pesca artesanal em redes e espinhéis, eram as linha ursa, gerbo e o fio de
barbante. Épocas em que o pescador artesanal, colocava em prática sua
criatividade e tinturava as redes e as deixavam mais rígidas, pesqueiras e
melhor de mannuseio. Essa pratica de tintura, se fazia com a casca do tronco da
arueira, raízes e folhas de mangue socadas e depois fervidas.
Logo depois, melhora a qualidade
dos fios com o surgimento do fio sedado maleável e o fio barquinho sedado de
cor escura e rígido.
Ainda nos anos 60, aparece o
nylon, que substitui essas linhas, inclusive os arames de caniços.
Em finais dessa década, surgem as
redes de caceio e dá outra modalidade de pesca do camarão. Nos primeiros anos
dessa modalidade, havia pesca diária de até 350 kg por embarcação.
Concomitantemente, predadores que
se dizem pescadores, introduzem as redes de prancha ou de arrasto, que gradativamente,
vem exercendo o maior extermínio de todas as espécies marinha nas baias norte e
sul.
Na baia sul, essa pirataria
assasina, recebeu a repulsa do pescador artesanal e aparentemente está contida,
sempre vigiada dos predadores da baia norte.
Ainda hoje, no canal entre a Ilha
do Largo e a Ponta do Cedro na Enseada de Brito, o camarão faz o corso, não com
tanta abundãncia e é pescado com tarrafas de argola e redes de caceio.
A introdução da tarrafa de argola
na baia sul, se deu em 1987-88, em conseqüência da
escacez de camarão na Lagoa de Santo Antônio em Laguna. Pescadores de lá,
acampam na Enseada de Brito para fazer a pesca do camarão do corso e trazem
consigo, essa modalidade de tarrafa. Trata-se de uma tarrafa mais pesqueira em
águas profundas.
Mas, na baia norte Zona 28, esses
predadores ainda fazem a pesca clandestina do arrasto. Os trapiches de Serraria
em São José e de Biguaçu, são seus ancoradouros de referência e, dali partem
para essa prática pirata.
Pirataria, um dos significados do
corso, guerra no mar, porém contra os criadouros naturais de nossas baias. Já
fazem várias décadas, que nessas águas, a pesca do camarão com tarrafas foi
abandonada e o caceio praticado, sofre as conseqüências da ilegalidade do
arrasto.
Apesar das ações empreendidas, essa
ilegalidade, está sendo um desafio para
a Delegacia Marítima da Polícia Federal, com sede na rua 14 de julho no Bairro
Estreito em Florianópolis/SC.
Contos
que conto
Quem conta um conto,
aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto: Gilberto J. Machado
-Historiador-