quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O FRADE CENSURADO

SÁO JOSÉ,SC-brasil
O Caminho da Ponta de Baixo dos oleiros e das olarias

O Frade censurado?
ou
será o Zeferino?

Uma história cômica, hilariante ou cheia de pudor para àquela época.
Em 1929, o Mestre das esculturas zôo e antropomorfos, Zeferino Cândido de Melo, cria a figura de um certo FRADE, que chamaria a atenção da Cidade, das Autoridades, em especial com o povo freqüentador do Mercado Público de Florianópolis.
A figurativa escultura, trás consigo vestimenta a rigor, traços e trejeitos normais do personagem de uma ordem religiosa.
Porém, o inusitado, a coisa medonha, escandalosa para uns, exuberante, esplendoroso e vigoroso para outros, surgia para fora da batina.
O FRADE agasalha por baixo da batina o seu pênis com todos os atributos saudáveis. Basta para isso, puxar o cordão cinturado da vestimenta.
As vendas eram feitas à boca de siri, como diz o manezinho ou conversa de pé de ouvido e o FRADE estava na mão.
Quando o Zeferino não estava presente, as vendas eram feitas na banca do Senhor Valdemar, ali mesmo no cais, local das feiras das louças de barro.
Muito procurado, o FRADE virou farra, brincadeira entre amigos, que se presenteavam.





                                                                                                                                  

Naquele dezembro de 1929, numa festinha de amigo invisível no Palácio Cruz e Souza, um funcionário presenteou o outro com um desses FRADES.
 Ao abrir o pacote, observou a figura e puxou o cordão cinturado. Escândalos  para uns e farra de outros. As mulheres presentes, fechavam os olhos cobrindo-os com as mãos, outras fingiam com os dedos entre abertos. O momento tornou-se apreciável, mas cheio de restrições, de vergonha e chegou aos ouvidos dos Escalões Superiores.
Alguns dias depois, vozes Palacianas chegavam ao Mercado Público, para evidenciar o autor da figura e proibir e censurar as vendas.
Descobriu-se então, que era o Mestre escultor Zeferino de São José. E daí? O que aconteceu?
Tudo como dantes no quartel de Abrantes, ou seja, na conversa de pé de ouvido, assi:.tens ai, um daquele religioso?.. sim,sim, então me vende e embrulha bem, que é para presente.
Aqui entre nós, à boca de siri, será que era mesmo para presente, ou para uso da exuberância?

Cá pra nós, nos tempos de hoje, a venda desse FRADE , será que não provocaria uma reunião educativa do Colegiado de Saúde Pública.
 Assunto em pauta, preservativos sexuais, em especial  a aplicação, o encaixe para o uso de camisinhas.

Ao elaborar este texto, tive o prazer de entrevistar Ademar Zeferino de Melo, filho de Zeferino Cândido de Melo, personagem  criador desta história. Ele mesmo, comercializou suas esculturas e louças de barro de 1918 à 1958, no Mercado Público de Florianópolis
A esculturação  destes FRADES, são de autoria do Mestre escultor Ademar Zeferino de Melo,1924, em plena atividade.
São José, novembro de 2007.

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                          
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-



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