sábado, 14 de março de 2015

FUTEBOL DE VÁRZEA

FUTEBOL DE VÁRZEA
Ponta de Baixo
1935 -1985
        Histórico do futebol varzeano

“É dos contos que ouvimos e a historia que construímos, ou que,  pelo menos, ativamente participamos, leva-nos a rememorar os tempos do futebol varzeano e inspiração de torcidas por times de futebol, no curto  caminho da Ponta de Baixo, na sede do município e outras localidades de São José-SC.
Esta matéria procura enriquecer a história de São José e tem a colaboração do historiador Osni Antônio Machado,  com seu acervo de fotos.  Autor e historiador, o conhecido Nini, expõe as fotos do Ipiranga F.C., Olaria F.C. e a do juiz de “guarda-chuva”, num jogo de domingo pela manhã, entre casados e solteiros no campo da Praça”.

A expressiva força do futebol varzeano na sede do município com o Ipiranga F.C. inspirava e motivava outras localidades do município como  Roçado com o Niterói F.C. mais tarde a S.E. Palmeiras, Praia Comprida e Campinas com o Campinas F.C., este fundado em 1927 e o time da Madereira Brasil Pinho. Em Barreiros com o America F.C., Ipiranga E.C. 1962, Bandeirantes E.C. e S.R.E. Saldanha da Gama. Na Ponta de Baixo com Olaria F.C., Palmeiras F.C. e Conrinthians F.C.
No Sertão do Imarui e rio acima, destacavam-se o Botafogo F.C., o Colônia Sant’Ana, o Colônia Santa Tereza e o Aimoré em São Pedro de Alcântara.
No alge de uma geração de equipe e jogadores de destaque na várzea, a S.R.E. Saldanha da Gama de Barreiros,  conquistou o Campeonato Amador de Floriánópolis e região, promovido pela extinta TV Cultura, modalidade de futebol varzeano-amador.

Uma das histórias do futebol varzeano da Ponta de Baixo como jogador, foi João Machado Neto(1926-1992), conhecido com o apelido de Ninho. Outros em destaque de fino trato com a bola, merecem lembranças, pois a inteligência comandava a bola nos pés. Entre esses, Maurílio João Ferreira de Souza(centroavante) e João Machado – Dandica ou Dandão(lateral esquerdo).

Neste histórico, vou me ater aos legados, os contos e relatos dos personagens Ninho e Gato, este último, destacado e folclórico juiz de futebol varzeano.

Da mesma geração, Osni Albino Ramos, o Gato, era um assíduo leitor dos Jornais do Rio de Janeiro. Um apaixonado torcedor do C.R. Flamengo e pelo  Avaí  F.C. Inteiráva-se de tudo sobre o futebol, jogadores, escalações e as regras de jogo. Reconhecidamente um cabedal de sabedoria, portador de uma memória invejável. Oleiro de ofício, Osni 1927-1984, tornou-se uma referência no apito, arbitrando até partidas intermunicipais.

Ninho foi um habilidoso centroavante varzeano de pouca estatura, mas de grande impulsão ao sair  do chão. Artilheiro  com habilidade nos dribles, batia com os dois pés e ainda se destacava também um grande artilheiro no cabeceio dentro da área adversária. Gols de cabeça, arte como poucos no futebol.
Na vida de ofício, era um exímio pescador com anzóis e tarrafas a Val e artes de oleiro. Como  torcedor, o C. R. do Flamengo e Figueirense F.C., suas paixões.

Época em que o rádio começava a ser conhecido por todos no lugar. Quem adquiria um, reunia muitos de sua vizinhança em sua casa, para ouvir programas  da Rádio Nacional, outras do (RJ) e principalmente jogos de futebol do Rio de Janeiro.
Em 1937/38, a força do futebol varzeano na sede do Município, leva a Prefeitura Municipal,  a construir no largo frontral da Praça e que dá acesso ao Trapiche, um campo de futebol. O amplo local, que já era utilizado em peladas, passa à ser o campo utilizado pelo Ipiranga F.C., fundado em 1938.
Nas décadas de 50/60 e 70,  aparecem jogadores na várzea, que  destacaram-se na região de São José e Florianópolis.
Em 1959, revela-se o craque Valério Mattos, que fez parte da equipe do Paula Ramos  de Florianópolis, que sagrou-se campeã estadual.


Ipiranga F.C., meados da década 50
Esquerda para direita: Arnoldo Souza, Nilton Ramos, Jacó, Jorge Destri, Polaco, Jaci, Valério, Osni Ramos,-direita, Wilson, Doca, Betinho, Armando e Raul Leite.

Outros como Vilson do Campinas F.C e Ipiranga F.C., chamado de motorzinho pela velocidade na ponta direita, foi profissional no Figueirense F.C. assim como o centroavante Nilton Plat, conhecido como Ito(Ipiranga F.C.)., também profissional no Figueirense F.C.
Outros do Ipiranga F.C.  como, Telmo Domingues, Alceu Plat(Ceceu), Capota, Mário caolho, Mário Rila, Perácio, Dandica, Vilmar... e mais.....

Contava Ninho, que em inícios dos anos 40, surge o primeiro movimento de futebol da Ponta de Baixo com o nome de Pontista F.C.
Como não havia campo de futebol no lugar, a iniciativa durou pouco mais de um ano e não deu progressão.
O nome pontista sugere o nome do lugar, inicialmente conhecido como Costeira da Ponta, assim está registrado oficialmente em 1908,  a hoje Ponta de Baixo.

Em 1942/43, surge um novo movimento de time de futebol. Agora com os trabalhadores das olarias, já que o lugar concentrava muitas olarias de louças de barro e foi batizado de Olaria F.C.
Sem campo para jogar, inicialmente o time jogava fora e esteve prestes a desaparecer. Entre 1949 e 1951, Oscar Schmidt permite a construção de um campo de futebol em suas terras e o Olaria F.C. passa a ter espaço para peladas e fechamento de jogos.

É desses tempos e com a chegada do rádio, que vem a predileção de torcida pelos times do Rio de Janeiro, aliada a influência da sede do município e da Capital Florianópolis.  C.R. do Flamengo, C.R. do Vasco da Gama, Fluminense F.C., Botafogo F.R. e América F.C.
 Os demais times do Rio, não despertavam interesses de torcedores porque eram considerados caixas de pancada, apenas participantes do campeonato. Entre esses, os que mais figuravam, o Bangu, Olaria, Campo Grande, Bonsucesso, Canto do Rio e Madureira.

COPA DO MUNDO DE 1950

Predileção maior da época, era  mesmo a Seleção do Brasil, convocada para a Copa do Mundo no Brasil.
Todos tinham sua seleção, a falação era grande na defesa de jogadores dos seus times. O Brasil já se destacava como futebol arte, excepcionais craques de bola. Para a crônica esportiva e para a torcida, o título era certo.
E veio a Copa, a Seleção passeava em campo, exibia espetáculos e goleava. Mas na final, o inacreditável para a época aconteceu. Para o Brasil bastava empatar e era campeão. Pois bem, começou o jogo campeão. Fêz 1x0, era mais campeão ainda. O Uruguai empatou. O Brasil ainda era campeão. Mas, o Uruguai fez 2x1 e levou a Copa.
Nos contos de Osni Albino Ramos, mais de 200.000 torcedores estavam no Maracanã. O Brasil chorou, mas a paixão pelo futebol não deixou de invadir os bairros, as peladas, a várzea.

COPA DO MUNDO DE 1958

Suécia, o Brasil é Campeão do Mundo no futebol. Na final 5x2 contra a Suécia. Garrincha encanta o mundo, Nilton Santos, desponta a trajetória do Rei Pelé. Uma Seleção de craques. A paixão nacional pelo futebol, lava a alma dos brasileiros. A várzea está em festa, a juventude quer jogar futebol.

Em fins dos anos 50, a desorganização de lideranças na Ponta de Baixo, aliada ao enfraquecimento das olarias de louças de barro, levam a geração do Olaria F.C., a quase cair no abandono.
Nessa época, muitos dos jogadores da Ponta de Baixo, vão jogar no ascendente Cruzeiro F.C. da Ponte do Imarui-Palhoça.

O BRASIL É BI-CAMPEÃO MUNDIAL DE FUTEBOL EM 1962
Chile, Brasil vence a Tchkoslowaquia na final por 3x1 e sagra-se bi-campeão de futebol. Amarildo se consagra no lugar de Pelé machucado. Garrincha, Zagalo, Nilton Santos, Didi, Zito & Cia., voltam encantar o mundo do futebol.
A várzea está em festa, o futebol nos finais de semana nos bairro é a coquelixe nacional.

Em 1960/61, o Olaria  F. C., resurge com um só time, sem o segundo time(aspirante), modalidade estrutural da  época, presidido por Carlos Albino Ramos(Carlinhos, também conhecido como Tatuzinho) com o apoio dos irmãos Gete e Jair Parente, ambos jogadores integrantes do time.
O time joga somente fora, geralmente aos sábados a tarde e domingos pela manhã, com poucas atuações no campo da Ponta de Baixo e utiliza mais o campo da Praça.


OLARIA F.C. 10-07-1960 – Campo da Praça
Osni cão-torrado, Carlos Antônio, João Martins, Jorge Destri, Cesar Neves, Mauro, Osni, Gete Parente, Pedro Domingues, , Mário Rila e Guingo(Valmir  Ambrózio Batista)

Na verdade, de lá para cá, o nome Olaria F.C., jamais foi esquecido, permanece em atividade, sob domicílio de Jair Parente no Centro Histórico de São José.

Amante apaixonado do futebol varzeano, Jair Parente o tem como seu time de futebol, reúne amigos do bate bola, monta o time, realizando jogos aos sábados a tarde ou domingos pela manhã. História preservada.

Em 1963/64, filhos da geração do Olaria F.C, liderados por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), Moacir M. de Melo e Otávio Teófilo Ramos(Tavico), fundam um novo time com o nome de Palmeiras F.C., inspirados na sensacional fase do famoso time de São Paulo.
O Palmeiras F.C. se fêz um bom time com essa geração, fez grandes apresentações, destacadas vitórias dentro e fora de casa, reunia muitos torcedores aos domingos a tarde de jogos.
Outro feito dessas lideranças, foi a ativação da sede social com bailes e domingueiras na sede da Colônia de Pesca Z-11, que continha a Capela do Padroeiro São Pedro e a sala de aulas da escola isolada do lugar. Tempos em que, até a procissão marítima de São Pedro, foi reativada em mais uns anos subsequentes.
A eleição de Prefeito Municipal de São José, muda toda a história do campo de futebol da Ponta de Baixo. A família de Oscar Schmidt, proprietária do terreno do campo de futebol, apoiava a candidatura de seu cunhado José Virgilino Ferreira de Souza, conhecido com Zezé do Virgilino, PSD-Partido Social Democrático.
As lideranças do time de futebol do Palmeiras F.C., liderados por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), ligados ao cabo eleitoral Mário Estevão dos Santos, trabalharam para a candidatura de Cândido Amaro Damázio, conhecido como Candinho, UDN-União Democrática Nacional.
A vitória de Candinho da UDN foi esmagadora, culminando com revanchismo político da família de Oscar Schmidt em desativar o campo de futebol, mais tarde loteado.
Sem o campo e outras divergências das lideranças, o time Palmeiras F.C., deixa de existir.

CAMPOS DE FUTEBOL VÁRZEA EM SÃO JOSÉ

Com excessão do campo de futebol da sede do município, que pertencia ao poder público e que, mesmo assim, em finais dos anos 70, não resistiu a expansão do município.
Em 17/05/1975, o Ipiranga F.C., fêz seu último jogo no campo da Praça com o Nilo Peçanha, clube de futebol da Escola Técnica Federal de SC. Há registros do Historiador Osni Antônio Machado, que confirma o resultado de 8 x 1 em favor do Ipiranga F.C.
Em 1977/78, a Prefeitura Municipal de São José, entrega o novo campo em novo endereço ao Ipiranga F.C.
A mudança de local, embora pertencente ao poder público, sem ônus para o clube, desestruturou o futebol do Ipiranga F.C., levando a sua inatividade.
Sabe-se que o campo depois de pronto, chegou a ser inaugurado pelo Ipiranga F.C. e que, depois mais um jogo, houve o abandono por parte de seu futebol.
 O terreno do campo de futebol, direcionado ao Ipiranga F.C., foi doado em 1982 ao Estado de Santa Catarina, que construiu no local o Hospital Regional de São José - Dr. Homero de Miranda Gomes, inaugurado em 15/02/1987.
Os demais campos de futebol de várzea do município, eram propriedades particulares, que gradativamente foram desativados pela expansão imobiliária.
Os exemplos do Brasil central, chegam a nossa região a partir de finais dos anos 60, tendo conseqüências como regra geral, o abandono gradativo do futebol varzeano organizado nos bairros.

FATO PITORESCO

Em 1963-07-07, no campo da Praça de São José, ou chamado por muitos como campo do Ipiranga, acontece uma cena inusitada e até certo ponto folclórica, que marca a trajetória do requisitado juiz de futebol varzeano Osni Albino Ramos, o Gato.


OSNI ALBINO RAMOS, o juiz de guarda-chuva – campo da Praça 07-07-1963

Era uma manhã de domingo e de chuva fina. Osni estava na Praça com o pequeno filho Édson, o cabeção, hoje mundialmente conhecido como o famoso Professor Cebola – Édson Osni Ramos.
Um jogo entre casados e solteiros estava por começar e faltava um juiz para apitar.  De repente alguém anuunciou a presença de Osni com seu guada-chuvas na Praça. Osni não resistiu a insistência dos convites, mas relutou ao lembrar da adverrtência da mulher. “Não te molha, estás gripado, isso pode piorar”. Mesmo assim resolveu apitar. Então, descalçou os sapatos, arregaçou a calça e de paletó, guarda-chuvas e apito na boca, deu início e apitou toda a partida de futebol entre casados e solteiros naquela manhã.  Folclórico, não? 
O registro dessa cena inusitada, está na foto batida pelo historiador Osni Antônio Machado, que no dia fotografou um dos momentos do jogo,  sem qualquer pretenção.
 Essa foto foi publicada no Diário Catarinense na coluna de  cronista esportivo Roberto Alves, encaminhada pelo historiador.
Um detalhe a ser esclarecido: Embora o apelido de Osni Albino Ramos, seja Gato, podendo ser um sugestivo insulto ao juiz de futebol, no caso do Osni, não era por isso e sim pelo gosto que tinha por peixes.
Na verdade, sempre foi um isganado, guloso.
 O fato é que o gato gosta de peixes, por isso levou esse apelido de sua turma.


Em 1965/66, liderados pela mesma turma do extinto Palmeiras F.C., depois de entendimentos com o proprietário do pasto da fazenda, novas lideranças do lugar Picadas do Sul e núcleo de moradores do loteamento da Fazenda do Max, que leva o nome de Santo Antônio, fundam o Independente F.C.
O campo do Independente F.C. foi feito em mutirão pelos organizadores, lá no meio do pasto da fazenda. Inicialmente, o campo era irregular, cheio de moitas salientes, que foram desaparecendo com o pisar dos jogos.
A partir de então, uma nova sociedade se criou em torno do futebol varzeano na localidade, tendo a frente jogadores da Ponta de Baixo, outros do lugar e arredores.
           
Em 1967/68, mesmo sem campo de futebol, filhos da geração do Olaria F.C.  e do Palmeiras F.C., fundam um novo e o último time na Ponta de Baixo.
Surge o Corinthians E.C. com uniformes recebidos por doação de um político, que jamais quiz ser identificado. A cor do uniforme não tinha nada do Corinthians de São Paulo. Camisa vermelha, gola e mangas azul, calção azul, meia vermelha com barra azul. Sabe-se que denominou-se Corinthians por vontade do doador em compromisso assumido pela turma do futebol. A equipe formava 2 times, primeiro e segundo, com mescla de jogadores da Praça de São José e do Caminho de Cima. Como não tinha campo, jogava somente fora de casa e aprendeu como poucos times da época a jogar de igual para igual nos campos dos adversários.
O time se desfêz em finais de 1968. Definitivamente, a Ponta de Baixo deixa de ter time de futebol varzeano e muitos jogadores passam a jogar em times de outros bairros. Outros jogadores dessa geração, são contratados por um novo time que surge na Ponte do Imaruí-Palhoça com o nome de Esporte Clube Floriano.

Em 1970/71, registra-se ainda na Ponta de Baixo, uma turma boa de bola, que cria o Flamenguinho. Turma de um só time, o Flamenguinho foi uma geração de bons jogadores da várzea com sucessivas partidas vitoriosas aos domingos pela manhã. Turma boa de bola, sempre no campo dos adversários, mas, quando provocados, viravam uns marimbondos, briguentos, gostavam da farra. O time esvaiiu-se em meados de 1971.

COPA DO MUNDO DE 1970

México, o Brasil sagra-se Tri-campeão mundial de futebol, vence a Itália  por 4x1. O Rei Pelé volta a brilhar  com seus companheiros craques Rivelino,Tostão, Jairzinho, Gerson, Clodoaldo, Everaldo, Brito, Wilson Piazza, Carlos Alberto e Félix.

E eu estava onde tudo começava, na várzea das peladas, jogador de futebol, a inspiração pelos craques, a torcida, a paixão, os clubes, a seleção.
Tempos de glórias, sentir, vibrar com a vitória no futebol, criar uma jogada, driblar, ser o bom de bola, ser mascarado por ser o bom, marcar um gol, comemorar com abraços, vencer, vencer, vencer, levantar um troféu, receber uma medalha, ser campeão. Assim é a paixão nacional,  o



            F     U     T     E     B     O     L.    


COPA DO MUNDO 1982      
O México volta a sediar uma Copa do Mundo. O Brasil tem uma seleção das mais talentosas depois da conquista do Tri. É a era Zico, Sócrates, Falcão, Sérginho, Éder, Leandro, Paulo Izidoro, Toninho Cerezo, Junior, Oscar, Valdir Perez. De técnico, nada mais, nada menos, que o Mestre Telê Santana.
O futebol da seleção é talentoso e encatador, joga pra frente, busca o gol, jogadas ensaiadas, craques que desequilíbram, criam jogadas fantásticas, vence a Escócia, Rússia, Espanha e Argentina. O Brasil é apontado como o melhor futebol da Copa, joga fácil, encanta a torcida, recebe elgios da crônica esportiva.
Nas semi-finais enfrenta a Itália, que chegou se arrastando com empates, jogando mal, na retranca e com combinação de resultados.
O empate favorecia o Brasil, que fêz 1x0. A Itália empatou e virou o jogo 1x2. O Brasil empatou 2x2. Mas brilhou a estrela do centroavante Paolo Rossi, marcou 2 vezes. Itália 3x2.
Venceu  o jogo do Técnico Enzo Bearzot,. A retranca, a marcação em seu campo, do jogo por uma bola e deu certo. Itália Campeã do Mundo de 1982.
A paixão nacional ficou perplexa, angustiada, entristecida e se perguntava, porque perdemos se jogamos mais, tínhamos o melhor time, os melhores craques, encuralmos o adversário, porque o melhor não venceu?
Como jogador de várzea, me arrisco a responder: PERIPÉCIAS DO FUTEBOL
 Eu mesmo tive a experiência em campo de jogar melhor e perder, entrar desacreditado e vencer. COISAS DO FUTEBOL.

                       

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-









terça-feira, 3 de março de 2015

BECO DA CARIOCA DE SÃO JOSÉ-SC

CARIOCA
de
SÃO JOSÉ-SC


Carioca vem da denominação indígena(tupi) para casa de branco, ou seja, cari(homen branco), oca(casa) = casa de branco.


Carioca, referência popular que se faz as “bicas d´agua” que abasteciam a antiga vila.

Vislumbra-se que o local da CARIOCA de São José, foi a primeira fonte de água encontrada em 1750 pelos fundadores, que do mar aportaram em terra firme, desbravando picadas na mata naquela direção, na busca por água de se beber.
A picada encontrou no sopé do morro de árvores nativas, águas correntes sobre lajes entre pedras, que forma um pequeno grotão, onde brota ôlhos d’agua. Dos ôlhos d’agua, às  bicas, a fonte, a clareira da CARIOCA.


Carioca de São José-Cachoeira-24-02-2015.JPG
cachoeira, o poço da carioca.JPG
Águas da carioca
Poço da carioca


A CARIOCA, na Freguesia de São José, torna-se um lugar de uso comum, no enchimento de água em potes de barro para se beber e serventia do fogo, além do uso comum da fonte pelas mulheres na lavação de roupas.
Em 1839/40, a importância da CARIOCA  na Vila de São José, requer obras de melhorias, como contorno o da fonte com lavadores de pedra para esfrega de roupas.
A iniciativa das melhorias é da Câmara que administra a Vila e o município(1833), através de provimentos da Província, liberados nas gestão dos Presidentes, o Brigadeiro - João Carlos Pardal e do Marechal de Campo - Francisco Jozé de Souza Soares d’Andrea.

Carioca de São José-24-02-2015.JPG
mdccxl-1840 carioca de São José.JPG
Instalações da CARIOCA
                     MDCCCXL - 1840

No século XX, a evolução administrativa na sede(vila) e do município, aliada as melhorias do poder aquisitivo da população, leva a mudança da lida de lavação de roupas domiciliar.  Muitas famílias pagam pela LAVAÇÃO DE ROUPAS PA FORA. Na CARIOCA, surgem as LAVADEIRAS DE ROUPAS PRA FORA, assim chamadas. Na fonte de água, uma fonte de renda dos menos abastados.
Em meados do século, o crescente consumo de água pela população da sede e arredores, além do uso da fonte pelas lavadeiras, leva a Prefeitura em 1940, na gestão do Prefeito João Machado Junior, a melhorar as instalações com uma reforma geral, com estruturação em obra de cimento, canalização de valas, enquadramento da fonte com novos lavadores. As LAVADEIRAS  da CARIOCA, fonte de trabalho e renda.
Carioca-tanque de lavação 24-02-2015.JPG100_7608.JPG


Nas décadas dos anos 40 à meados dos anos 60, as LAVADEIRAS  faziam da CARIOCA , suas lidas diárias, as roupas chegavam carregadas em trouxas. Depois da lavação, a quaração estendida nos varais e no pastinho do arredor. Aos olhos de quem por ali passava, presenciáva-se as algazarras, cantorias, fuxicos, bondades, amores, mazelas, elogios, bate-bôcas, saía de tudo, além das conversas sobre os acontecimentos picantes da vila(sede). A CARIOCA  e seus tempos de água boa, fresquinha de se beber e das inesquecíveis voluntariosas LAVADEIRAS da Praça.
A partir de inicios dos anos 60, a evolução de infra-estrutura do município, leva a diminuição significativa das LAVADEIRAS  da CARIOCA. Atribui-se as melhorias da qualidade de vida, mudanças de comportamento das famílias com acesso ao sistema de água encanada e a chegada de máquinas de lavar no mercado.
Sabe-se que em 1950, o sistema de água encanada, foi implantado em São José, atendendo primeiramente o centro da vila(sede) e parte da Praia Comprida. Em fins dos anos 50 chegava ao bairro da Ponta de Baixo.
Em finais dos anos 60, o uso da CARIOCA já é muito restrito, mesmo para o crescente aumento de moradores das proximidades. Já não dependem mais das águas e da fonte.
Em inícios dos anos 70, a CARIOCA, sofre um duro golpe ecológico, que veio a comprometer suas águas e seu meio ambiente, pela pobreza de consciência pública/privada e de legislação ambiental da época.
A propriedade privada da mata nativa do morro, extremante a pequena mata de reserva da CARIOCA, foi negociada, desmatada e loteada.
Após a abertura de ruas do loteamento, logo na primeira enxurrada, trouxe de morro abaixo muita água e lama, que tomaram conta de todas as instalações. Sobre protestos, a limpeza da lama foi feita pelo proprietário do loteamento e manutenção da Prefeitura Municipal.
A partir de então, instalou-se o desequilíbrio e o abandono da CARIOCA, especificamente na pureza de suas águas.  

Século XXI - 2015-03-02, a memória, o patrimônio público ainda no aguardo das promessas e projetos de revitalização da CARIOCA, anunciados pela Prefeitura Municipal de São José.

Glossário
fogo
ô/
substantivo masculino

6. antiga denominação:
casa de habitação; lar, residência.
"uma vila com uma centena de fogo”

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º

              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                  -Historiador-