"O manézinho pode assentar-se num formigueiro, mas só um tolo continua assentado".
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
sábado, 10 de outubro de 2015
OS MACHUCAS DO CEBOLA
Os
machucas do Cebola
Mas
afinal, o que é um machuca?
Resposta:
Na linha de fabricação das olarias de louças de barro de São José da Terra
Firme, o alguidar era produzido de 4 tamanhos.
O terceiro
alguidar, na escala do maior p/o menor, tem o apelido chamado de machuca.
Nessa
época, era costume comer o feijão socado, pois dava mais massa e ainda se adicionava
água. Talvez porque o feijão era pouco.
Machuca
porque machuca-se, soca-se o feijão depois de cozido e mede de boca aproximadamente 25
cm.
Os
machucas do Cebola, é um presente para o imortal Édson Osni Ramos da Academia
São José de Letras.
É filho do
primo e oleiro Osni Albino Ramos, à quem tive a satisfação de aprender e trabalhar
a seu lado numa olaria de produção de louças de barro na Ponta de
Baixo.(1967/68).
Os
machucas serão usados no seu sítio em Rancho Queimado.
Agora,
fiquei sabendo, que lá se serve uma carne de ovelha especial. Quem sabe, tiro a
sorte grande e acerto esse dia.
gjm
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
DE MANÉ À MANÉZINHO
Ilha de Santa Catarina e
lado do continente
Santa
Catarina – Brasil
Vamos saber
um pouco do ser mané
Em
tempos não muito distantes, gente da cidade, apelidavam alguns moradores do interior da Ilha de Santa
Catarina de mané. A cidade à que me refiro é Florianópolis, assim também,
chamada por todos que moravam no lado continental.
Suposições
apontam aos nomes Manuel ou Manoel, muitos comuns em todas as regiões
litorâneas, especialmente nos povoamentos do interior da Ilha de Santa Catarina.
Seu
Manoel, seu Manuel,, seu maneca, seu manel, seu mané, pode ter sido o caseiro
de um sítio ou de casa de veraneio de propriedade de alguém da cidade. Seu
mané, sempre tratava essa gente da cidade de doutori, ou seja, pela formação
profissional ou poder aquisitivo.
O
mané pode ser caracterizado como um
sujeito simplório, contador de causos, um matuto de trabalhos pesados, da lida
com os bois e da roça. Uns dos trabalhos de engenho, outros da pescaria e
outros de qualquer serviço braçal.
Mas,
os autênticos manés, eram os malandros exibidos de vida boa, que usavam uma
perna da calça arregaçada até a metade da perna, um pouco abaixo do joelho e
que por distração, se exibiam com uma gaiola na palma da mão, dentro um curió,
um sabiá, uma tia chica ou um coleirinha a dobrar.
Aquele
ou aquela, que come um loc loc com peixe frito frio,
ou ainda, aqueles que comen pirão de água escaldado com carne seca de varal,
assada numa grelha na brasa de fogão de lenha.
Por
várias gerações, abandonados a própria sorte pela gente da cidade e longe da
escola, criaram seus meios de subsistência e modos de falar próprios e
engraçados, que os identificam como o mané ou a mané interiorana da Ilha, assim
como também, nos povoamentos do litoral do lado continental.
Frases
e palavras como, mofas com a pomba na balaia, farinha pouca, meu pirão
primeiro, coberta d’alma, chichilaria, roubar e fugir com a rapariga para mais
tarde casar, e mais...oioió ..oioió.oioió...oioió.oioió.oioió, tas tolo tas,
rebojo, és bom pro fogo, intizica, te toco a mão nos cornos, cambulhão, boi
ralado, eu atiço a bocica em cima de ti, istepô, digerinha, lanço de peixe,
tarrafa a vau, garapivu, mata fome, és bom pumbife, cara de areia mijada, dar
de mamar à enxada, se qués qués, se não qués diz, pomboca, tolo e muitas
outras.
Glossário
Atiçar - incitar
Bocica – cachorra, cadela
Boi ralado – carne moída
Cambulhão
– porção de peixes enfiados pela guelra em cipó à serem vendidos.
Cara
de areia mijada – furos no rosto de quem
teve varíola
Chichilaria – burocracia, lenga
lenga, enrolação com os papéis
Coberta d’alma – roups de quem
morre
Dar de mamar à enxada – preguiçoso
na lavoura com o cabo da enxada debaixo
do braçoDês bom pumbife – Digerinha –
diarréia
És bom pro fogo - expressão usada para dizer que uma pessoa não presta (também ameaça
debochada, de mandar alguém à fogueira.
És
bom pumbife – referindo-se a carne do boi da farra
És um porta milá –perdido, andar
sem rumo ou importa-me lá contigo
Intizica – provoca
Istepô
– expressão de xingar alguém, seu coisa ruim
Lanço de peixe – cercar o cardume
com rede, arrastar, puchar para a praia ou embarcação pesqueira. Locais de
peixes de tarrafa a vau.
Loc
loc – pirão de café, mexido na própria caneca de tomar café.
Mandrião – preguiçoso
Mata fome – prato de barro de se
comer
Mofas com a pomba na balaia – vais
cansar de esperar, não conseguir o que queria, intento
Oioió – interpétra-se como
interjeição de espanto ou admiração
Pomboca
– lamparina pequena com pavio , acesa com querozene, luz de pomboca
Rebojo – vento que sopra de várias
direções, ocorre quase sempre com vento sul
Te toco a mão nos cornos –dar uma bofetada na cara
de alguem que um
Vau
– trechos rasos de águas, ou da beira do mar ou de rio, onde se pode transitar
a pé.
Tolo
– credibilidade frágil, sofrível. Não refere-se a debilidade mental.
Vamos
saber um pouco do ser manézinho
Na
verdade, não se atribui à alguém, como o
criador do pseudônimo manezinho.
Em
inícios dos anos 80 do século passado, nas áreas centrais de Florianópolis como
do lado continental, ouve-se em rodas de amigos, locais de trabalho, bares,
botequins e principalmente no Mercado Público, colegas e amigos serem chamados
de manezinho. Geralmente ou quase sempre, esse colega ou amigo assim chamado,
morava em alguma comunidade do interior da ilha de Santa Catarina.
A
partir de então, o pseudônimo, que pode ter derivado do seu Manoel, seu Manuel,
seu maneca, seu manel, seu mané, começa a difundir-se na boca do povo com o
apelido de manezinho.
Até
a primeira metade da década dos anos 80, ser chamado de manezinho, tinha
sentido pejorativo. No entanto, por muitos havia aceitação, dentro de um clima
amigável e na base da gozação.
Nessa
época, já era destaque em programas de radio como radialista, o saudoso Aldírio
Simões.
Aldírio
constituía-se num personagem carismático, identificado com nossa cultura de base açoriana. Seu ponto de encontro
diário, era o Mercado Público de Florianópolis, além de viver os cantos e
recantos da Ilha e do continente, conhecer sua gente, seus usos e costumes.
Nascido
na localidade de Rio do Braz em Canasvieiras, Aldírio, destacou-se como
radialista, repórter, jornalista, escritor e apresentador de TV. Na TV, criou e
apresentou o famoso programa BAR FALA MANÉ.
Em
meados da década dos anos 80 como radialista, idealiza uma forma de homenagear,
enaltecer o mané manezinho, que tomou proporções de linguajar popular entre
nós.
Todos
aqueles ou aquelas, que se identificam com a maneira simples de viver os nossos
usos, costumes, ajuda mútua e solidariedade dos nativos interioranos da Ilha e
do continente, ou ainda, todos aqueles ou aquelas, que para cá vieram e se
adaptaram a viver essa identidade de simpatia, esse estado de ser e que,
destacam-se perante a comunidade.
Em
1987, elenca os nomes dos manezinhos a serem homenageados e organiza a primeira
edição do Troféu Manezinho da Ilha.
Tinha
no amigo manezinho e saudoso Francisco Amante, o popular Chico Amante, os
préstimos e suporte da organização burocrática dos eventos. Aliás em matéria de
organização, Aldírio era muito bom, mas na improvização.
Testemunhos
relatam que nas primeiras edições do Troféu, alguns manés elencados por
Aldírio, se mostravam reticentes com a homenagem, dado ao sentido pejorativo de
outrora do pseudônimo manezinho.
O
prestígio de Aldírio nos meios de comunicação, enaltecem a honraria do Troféu,
mudam o conceito e o entendimento de ser manezinho.
Nos
anos subseqüentes aos dias de hoje é um
prestígio ser escolhido para receber a honraria do Troféu Manezinho da Ilha.
Num
bom sentido, diz o manezinho, Engenheiro Paulo Ricardo Caminha; o Aldírio
atirou no que viu e matou o que não viu, referindo-se ao auge de sua projeção
com o Troféu Manezinho da Ilha.
Embora
sendo o autor intelectual do Troféu e dos agraciados anualmente, o nosso Mané Mor, cercava-se de uma Confraria
que oferecia palpites para os novos a serem escolhidos. Entre outros dessa Confraria,
fazia parte o saudoso Chico Amante, o ex-Secretário de Segurança Maurício
Amorim o Engenheiro Paulo Ricardo Caminha, o Poeta Luiz Gonzaga Galvão e o
bancário Ire Silva.
Após
a morte de Aldírio em 2006, incorporou-se a Confraria, seu filho Sione Márcio Simões, que organizam
a tradição anual do Troféu Manezinho da Ilha.
Guga,
o manézinho
A
internacionalização do ser manezinho, foi conhecida e difundida, diante da
mídea mundial pelo maior tenista brasileiro de todos os tempos.
Gustavo
Kürten, o nosso Guga, que no topo do ranking da ATP, chamou para si o título de
Manezinho da Ilha. O mundo ficou conhecendo um manezinho impar, que levou sua
simplicidade com competência de grande campeão às quadras de tênis do mundo.
Contos
que conto
Quem conta
um conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto:
Gilberto J. Machado
Historiador
terça-feira, 11 de agosto de 2015
CARNE DE VARAL
CARNE
DE VARAL
Quem
não sabe o que é, pergunte aos pais e avós e descubra a delícia que é.
Eles
vão lembrar de contos e de um tempo, em que se pendurava e se estendia, toda a
carne que se comia
Nessa
época não existia freezer nem geladeira e quem tinha era luxo, podia guardar
o bucho.
Toda a carne verde(fresca), como o peixe que se pescava,
iam parar no varal, ou então se estragava.
Carne
seca de varal, também chamada de carne de sol, depois onde que fica, pois
então, com farinha de mandioca, guardava-se
na barrica.
Nos
tempos do fogão de lenha, quando a brasa se formava, puxava-se um pouco pra
fora e a carne na grelha assava.
A
chaleira aquecia a água que se fervia. Depois da água quente, farinha se misturava,
pirão escaldado ficava e com carne assada se mastigava.
&
Hoje,
relembrando os tempos antigos, num encontro de amigos, um certo fulano de tal, se
meteu a bobear e se pôs a fazer uma carne de varal.
Os
fatos foram registrados na casa da Lauguinha e do Caminha, lá no sul da ilha, perto da trilha de Naufragados.
Trouxe
uma costela de boi, também tinha linguiça, ele cheio de bobiça, teimava e
dizia, não preciso de sol, faço fogo, faço brasa, debaixo do varal da casa.
Achei
aquilo esquisito e indaguei, isso tem jeito?, e o fulano de pronto respondeu,
não duvides da astúcia dum ex-Prefeito.
É
que o fulano veio do sul cheio de brio, além de doutor de bicho e outros
predicativos, foi Prefeito de Sombrio.
A
costela cheia de alho, foi esticada no varal em forma de penduricalho. E começou a assar, em fogo enfumaçado, cruz
credo, não se sabe o que vai dar.
O
Bruxo que é um cara esdrúxulo e anda sempre torrado, para agradar o fulano, dizia
ta tudo assado.
Na
hora da comilança, foi que começou a lambança.
A
dona da casa não gostou, porque a carne ficou encruada, mal passada, mas o
fulano de tal, teimava e dizia que tava
assada.
O
bate-boca se estendeu com todos ali na mesa e ela falava alto, por favor não me
engane, essa carne tem sangue.
Diante do reboliço, o Luis e a Berê, olhavam um para o outro, sem saber o que fazer.
A Diva e a Gleusi, para não criar mais problema, caladas ficaram com as risadas da Lena.
Eu, que estava cheio daquele lero lero, saí fora da mesa e fui matar a fome, comendo a sobremesa.
Diante do reboliço, o Luis e a Berê, olhavam um para o outro, sem saber o que fazer.
A Diva e a Gleusi, para não criar mais problema, caladas ficaram com as risadas da Lena.
Eu, que estava cheio daquele lero lero, saí fora da mesa e fui matar a fome, comendo a sobremesa.
Com
os ânimos acalmados, virou farra depois, comecei a fazer humor para agradar os
dois.
Num domingo,
bonito dia de sol, este foi o final de uma destrambelhada carne de varal.
"Qualquer semelhança é mera coincidência"
"Qualquer semelhança é mera coincidência"
Homenagem
ao meu amigo Podinho.
Dr. Leopoldo Renato Alves da Silva - Médico Veterinário
Dr. Leopoldo Renato Alves da Silva - Médico Veterinário
Contos
que conto
Quem
conta um conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto:
Gilberto J. Machado
-Historiador-
quarta-feira, 1 de julho de 2015
BERBIGÃO, O BODE QUE COMIA JORNAL
BERBIGÃO
O BODE QUE COMIA JORNAL
Mas, o que tem a ver
o bode com o berbigão? É que o bode
estava no caminho do berbigão. Como assim?
Entre os contos e galhofas de Potécas, lembram os amarelos da
goiaba do lugar, de uma passagem dos que de lá vinham e por ali tinham que
passar, para chegar a praia de Barreiros e tirar, catar berbigão.
Em épocas de marés seca, os amarelos da goiaba se reuniam
e de carroças chegavam nas proximidades da praia.
Mas, para chegar a
praia tinha um caminho e no caminho estava o bode.
Era um bode grande, chifrudo, brabo e atacava a todos que
passavam pelo caminho. O dono do bode era também o dono do terreno e deixava o
bode solto, para impor respeito a propriedade.
O dono do bode era um sujeito sisudo, que ainda advertia;
ài de quem machucar o bode.
Para as mulheres e
raparigas era de muito medo e desespero. O catinguento do bode atacava de testadas
e chifrava mesmo. Já os homens mais corajosos, corriam em distração ao bode e todos então,
podiam passar.
A distração já não estava adiantando mais, o bode atacava
de tal modo que nem mesmo os homens ele respeitava mais. As mulheres
então, já não queriam mais vir tirar berbigão.
Um certo dia, um dos homens acuado pelo bode e sem saída
da perseguição, puxou do bolso uma nota de Cr$ 1,00(um cruzeiro) e jogou em sua
direção. O dinheiro saiu a voar e
fez o bode parar a perseguição, pois aparou-o
com a boca, pondo-se a mastigar. Isso fez com que o bode acalmasse enquanto
mastigava e comia o dinheiro. A partir de então, o bode parou de correr atrás
das pessoas. Era só dar-lhe uma nota de Cr$ 1,00 para comer.
Mas, nem sempre alguém tinha a nota e o bode voltou a
atacar. Um dos amarelos da goiaba, teve a idéia de tentar enganar o bode com uma
folha de jornal. Pois não é que o bode gostou e se dava por satisfeito a
mastigar e a comer uma folha de jorrnal, tanto na ida, como na volta do
berbigão.
Enfim, para alegria de todos, o caminho do berbigão,
estava livre do bode chifrudo e catinguento.
Depois de tudo isso, entre amigos, surge nas portas de
venda do lugar, a galhofa de maldição de
um para o outro: “eu te desejo tudo o que Deus deu pro bode”; galho e catinga
.......................................................................................................................
História
Até os anos 70-século XX em São José e Palhoça-SC, a
praia de Barreiros, assim como os baixios de Campinas, Praia Comprida e Ponte do Imaruí, foram
abundantes criadouros naturais desse molusco comestível.
De origem de sucessão dos descencentes açorianos, Potécas
à época, era um lugarejo agrícola e pastagem de São José, entre os bairros de
Forquilhas e Barreiros.
Amarelo da goiaba foi uma expressão pejorativa do
manézinho da Ilha-SC e do lado continental, referida aos indivíduos de cor amarelada,
anêmicos,mal alimentados da época.
Contos
que conto
Quem conta um
conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto:
Gilberto J. Machado
historiador
terça-feira, 30 de junho de 2015
SÃO JORGE - OGUN
MOSAICO
O g u n
SÃO JORGE EM
MOSAICO
Centro Espírita de Umbanda São Cosme e Damião
Inaugurado em 13/01/1983
Rua Pedro Hermes, nº 81 – Bairro Roçado – São José – SC.
OGUN – Na mitologia, Divindade do povo Yorubá de origem africana.
Nos Centros de Umbanda do sul do Brasil, é representado pelo Santo guerreiro
São Jorge.
Já no nordeste do Brasil é representado por Santo Antônio,
principalmente na Bahia.
MOSAICO
>>> OGUN >> SÃO JORGE
Obra do artista plástico Leopoldo Renato Alves da Silva(Podinho) Podinho é Médico Veterinário e na política
foi Prefeito do Município de Sombrio-SC. 1998/2002.
Esta obra traduz para si, a gratidão
familiar de elevação espiritual recebida neste Centro Espírita, através do Pai
de Santo Clóvis Tupinambá Alves Barbosa.
Médico Veterinário, Clóvis Tupinambá Alves Barbosa, nasceu em 13/03/1953
em Porto Alegre-RS. Sua crença, vem da devoção paterna do seu nome, inspirada no caboclo
Tupinambá.
Contos
que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto . º
-dito
popular-
Texto: Gilberto J. Machado
-Historiador-
sábado, 14 de março de 2015
FUTEBOL DE VÁRZEA
FUTEBOL
DE VÁRZEA
Ponta
de Baixo
1935
-1985
Histórico do futebol varzeano
“É dos contos que ouvimos e a historia que construímos,
ou que, pelo menos, ativamente participamos,
leva-nos a rememorar os tempos do futebol varzeano e inspiração de torcidas por
times de futebol, no curto caminho da
Ponta de Baixo, na sede do município e outras localidades de São José-SC.
Esta matéria procura enriquecer a história de São José
e tem a colaboração do historiador Osni Antônio Machado, com seu acervo de fotos. Autor e historiador, o conhecido Nini, expõe
as fotos do Ipiranga F.C., Olaria F.C. e a do juiz de “guarda-chuva”, num jogo
de domingo pela manhã, entre casados e solteiros no campo da Praça”.
A expressiva força do futebol varzeano na sede do município
com o Ipiranga F.C. inspirava e motivava outras localidades do município como Roçado com o Niterói F.C. mais tarde a S.E. Palmeiras,
Praia Comprida e Campinas com o Campinas F.C., este fundado em 1927 e o time da
Madereira Brasil Pinho. Em Barreiros com o America F.C., Ipiranga E.C. 1962,
Bandeirantes E.C. e S.R.E. Saldanha da Gama. Na Ponta de Baixo com Olaria F.C.,
Palmeiras F.C. e Conrinthians F.C.
No Sertão do Imarui e rio acima, destacavam-se o
Botafogo F.C., o Colônia Sant’Ana, o Colônia Santa Tereza e o Aimoré em São
Pedro de Alcântara.
No alge de uma geração de equipe e jogadores de
destaque na várzea, a S.R.E. Saldanha da Gama de Barreiros, conquistou o Campeonato Amador de
Floriánópolis e região, promovido pela extinta TV Cultura, modalidade de
futebol varzeano-amador.
Uma das histórias do futebol varzeano da Ponta de
Baixo como jogador, foi João Machado Neto(1926-1992), conhecido com o apelido
de Ninho. Outros em destaque de fino trato com a bola, merecem lembranças, pois
a inteligência comandava a bola nos pés. Entre esses, Maurílio João Ferreira de
Souza(centroavante) e João Machado – Dandica ou Dandão(lateral esquerdo).
Neste histórico, vou me ater aos legados, os contos e
relatos dos personagens Ninho e Gato, este último, destacado e folclórico juiz
de futebol varzeano.
Da mesma geração, Osni Albino Ramos,
o Gato, era um assíduo leitor dos Jornais do Rio de Janeiro. Um apaixonado
torcedor do C.R. Flamengo e pelo Avaí F.C. Inteiráva-se de tudo sobre o futebol,
jogadores, escalações e as regras de jogo. Reconhecidamente um cabedal de
sabedoria, portador de uma memória invejável. Oleiro de ofício, Osni 1927-1984,
tornou-se uma referência no apito, arbitrando até partidas intermunicipais.
Ninho foi um habilidoso centroavante varzeano de pouca
estatura, mas de grande impulsão ao sair
do chão. Artilheiro com habilidade
nos dribles, batia com os dois pés e ainda se destacava também um grande
artilheiro no cabeceio dentro da área adversária. Gols de cabeça, arte como
poucos no futebol.
Na vida de ofício, era um exímio pescador com anzóis e
tarrafas a Val e artes de oleiro. Como
torcedor, o C. R. do Flamengo e Figueirense F.C., suas paixões.
Época em que o rádio começava a ser
conhecido por todos no lugar. Quem adquiria um, reunia muitos de sua vizinhança
em sua casa, para ouvir programas da
Rádio Nacional, outras do (RJ) e principalmente jogos de futebol do Rio de Janeiro.
Em 1937/38, a força do futebol
varzeano na sede do Município, leva a Prefeitura Municipal, a construir no largo frontral da Praça e que
dá acesso ao Trapiche, um campo de futebol. O amplo local, que já era utilizado
em peladas, passa à ser o campo utilizado pelo Ipiranga F.C., fundado em 1938.
Nas décadas de 50/60 e 70, aparecem jogadores na várzea, que destacaram-se na região de São José e
Florianópolis.
Em 1959, revela-se o craque
Valério Mattos, que fez parte da equipe do Paula Ramos de Florianópolis, que sagrou-se campeã
estadual.
Ipiranga
F.C., meados da década 50
Esquerda para direita: Arnoldo
Souza, Nilton Ramos, Jacó, Jorge Destri, Polaco, Jaci, Valério, Osni
Ramos,-direita, Wilson, Doca, Betinho, Armando e Raul Leite.
|
Outros como Vilson do Campinas
F.C e Ipiranga F.C., chamado de motorzinho pela velocidade na ponta direita,
foi profissional no Figueirense F.C. assim como o centroavante Nilton Plat,
conhecido como Ito(Ipiranga F.C.)., também profissional no Figueirense F.C.
Outros do Ipiranga F.C. como, Telmo Domingues, Alceu Plat(Ceceu),
Capota, Mário caolho, Mário Rila, Perácio, Dandica, Vilmar... e mais.....
Contava Ninho, que em inícios dos anos 40, surge o
primeiro movimento de futebol da Ponta de Baixo com o nome de Pontista F.C.
Como não havia
campo de futebol no lugar, a iniciativa durou pouco mais de um ano e não deu
progressão.
O nome pontista
sugere o nome do lugar, inicialmente conhecido como Costeira da Ponta, assim
está registrado oficialmente em 1908, a hoje
Ponta de Baixo.
Em 1942/43, surge um novo movimento de time de
futebol. Agora com os trabalhadores das olarias, já que o lugar concentrava
muitas olarias de louças de barro e foi batizado de Olaria F.C.
Sem campo para jogar, inicialmente o time jogava fora
e esteve prestes a desaparecer. Entre 1949 e 1951, Oscar Schmidt permite a
construção de um campo de futebol em suas terras e o Olaria F.C. passa a ter
espaço para peladas e fechamento de jogos.
É desses tempos e com a chegada do rádio, que vem a
predileção de torcida pelos times do Rio de Janeiro, aliada a influência da
sede do município e da Capital Florianópolis. C.R. do Flamengo, C.R. do Vasco da Gama,
Fluminense F.C., Botafogo F.R. e América F.C.
Os demais times
do Rio, não despertavam interesses de torcedores porque eram considerados
caixas de pancada, apenas participantes do campeonato. Entre esses, os que mais
figuravam, o Bangu, Olaria, Campo Grande, Bonsucesso, Canto do Rio e Madureira.
COPA DO MUNDO DE 1950
Predileção maior da época, era mesmo a Seleção do Brasil, convocada para a
Copa do Mundo no Brasil.
Todos tinham sua seleção, a falação era grande na
defesa de jogadores dos seus times. O Brasil já se destacava como futebol arte,
excepcionais craques de bola. Para a crônica esportiva e para a torcida, o
título era certo.
E veio a Copa, a Seleção passeava em campo, exibia
espetáculos e goleava. Mas na final, o inacreditável para a época aconteceu.
Para o Brasil bastava empatar e era campeão. Pois bem, começou o jogo campeão.
Fêz 1x0, era mais campeão ainda. O Uruguai empatou. O Brasil ainda era campeão.
Mas, o Uruguai fez 2x1 e levou a Copa.
Nos contos de Osni Albino Ramos, mais de 200.000
torcedores estavam no Maracanã. O Brasil chorou, mas a paixão pelo futebol não
deixou de invadir os bairros, as peladas, a várzea.
COPA DO MUNDO DE 1958
Suécia, o Brasil é Campeão do Mundo no futebol. Na
final 5x2 contra a Suécia. Garrincha encanta o mundo, Nilton Santos, desponta a
trajetória do Rei Pelé. Uma Seleção de craques. A paixão nacional pelo futebol,
lava a alma dos brasileiros. A várzea está em festa, a juventude quer jogar
futebol.
Em fins dos anos 50, a desorganização de lideranças na
Ponta de Baixo, aliada ao enfraquecimento das olarias de louças de barro, levam
a geração do Olaria F.C., a quase cair no abandono.
Nessa época, muitos dos jogadores da Ponta de Baixo,
vão jogar no ascendente Cruzeiro F.C. da Ponte do Imarui-Palhoça.
O BRASIL É BI-CAMPEÃO MUNDIAL DE FUTEBOL EM 1962
Chile, Brasil vence a Tchkoslowaquia na final por 3x1
e sagra-se bi-campeão de futebol. Amarildo se consagra no lugar de Pelé
machucado. Garrincha, Zagalo, Nilton Santos, Didi, Zito & Cia., voltam
encantar o mundo do futebol.
A várzea está em festa, o futebol nos finais de semana
nos bairro é a coquelixe nacional.
Em 1960/61, o Olaria F. C., resurge com um só time, sem o segundo
time(aspirante), modalidade estrutural da época, presidido por Carlos Albino
Ramos(Carlinhos, também conhecido como Tatuzinho) com o apoio dos irmãos Gete e
Jair Parente, ambos jogadores integrantes do time.
O time joga somente fora, geralmente aos sábados a
tarde e domingos pela manhã, com poucas atuações no campo da Ponta de Baixo e
utiliza mais o campo da Praça.
OLARIA
F.C. 10-07-1960 – Campo da Praça
Osni
cão-torrado, Carlos Antônio, João Martins, Jorge Destri, Cesar Neves, Mauro,
Osni, Gete Parente, Pedro Domingues, , Mário Rila e Guingo(Valmir Ambrózio Batista)
|
Na verdade, de lá para cá, o nome Olaria F.C., jamais
foi esquecido, permanece em atividade, sob domicílio de Jair Parente no Centro
Histórico de São José.
Amante apaixonado do futebol varzeano, Jair Parente o
tem como seu time de futebol, reúne amigos do bate bola, monta o time,
realizando jogos aos sábados a tarde ou domingos pela manhã. História
preservada.
Em 1963/64, filhos da geração do Olaria F.C, liderados
por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), Moacir M. de Melo e Otávio Teófilo
Ramos(Tavico), fundam um novo time com o nome de Palmeiras F.C., inspirados na
sensacional fase do famoso time de São Paulo.
O Palmeiras F.C. se fêz um bom time com essa geração,
fez grandes apresentações, destacadas vitórias dentro e fora de casa, reunia
muitos torcedores aos domingos a tarde de jogos.
Outro feito dessas lideranças, foi a ativação da sede
social com bailes e domingueiras na sede da Colônia de Pesca Z-11, que continha
a Capela do Padroeiro São Pedro e a sala de aulas da escola isolada do lugar.
Tempos em que, até a procissão marítima de São Pedro, foi reativada em mais uns
anos subsequentes.
A eleição de Prefeito Municipal de São José, muda toda
a história do campo de futebol da Ponta de Baixo. A família de Oscar Schmidt,
proprietária do terreno do campo de futebol, apoiava a candidatura de seu
cunhado José Virgilino Ferreira de Souza, conhecido com Zezé do Virgilino, PSD-Partido
Social Democrático.
As lideranças do time de futebol do Palmeiras F.C.,
liderados por Valmor Ricardo dos Santos(Moia), ligados ao cabo eleitoral Mário
Estevão dos Santos, trabalharam para a candidatura de Cândido Amaro Damázio,
conhecido como Candinho, UDN-União Democrática Nacional.
A vitória de Candinho da UDN foi esmagadora,
culminando com revanchismo político da família de Oscar Schmidt em desativar o
campo de futebol, mais tarde loteado.
Sem o campo e outras divergências das lideranças, o time
Palmeiras F.C., deixa de existir.
CAMPOS DE FUTEBOL VÁRZEA EM SÃO JOSÉ
Com excessão do campo
de futebol da sede do município, que pertencia ao poder público e que, mesmo
assim, em finais dos anos 70, não resistiu a expansão do município.
Em 17/05/1975, o
Ipiranga F.C., fêz seu último jogo no campo da Praça com o Nilo Peçanha, clube de
futebol da Escola Técnica Federal de SC. Há registros do Historiador Osni
Antônio Machado, que confirma o resultado de 8 x 1 em favor do Ipiranga F.C.
Em 1977/78, a
Prefeitura Municipal de São José, entrega o novo campo em novo endereço ao
Ipiranga F.C.
A mudança de local,
embora pertencente ao poder público, sem ônus para o clube, desestruturou o
futebol do Ipiranga F.C., levando a sua inatividade.
Sabe-se que o campo
depois de pronto, chegou a ser inaugurado pelo Ipiranga F.C. e que, depois mais
um jogo, houve o abandono por parte de seu futebol.
O terreno do campo de futebol, direcionado ao
Ipiranga F.C., foi doado em 1982 ao Estado de Santa Catarina, que construiu no
local o Hospital Regional de São José - Dr. Homero de Miranda Gomes, inaugurado
em 15/02/1987.
Os demais campos de
futebol de várzea do município, eram propriedades particulares, que gradativamente
foram desativados pela expansão imobiliária.
Os exemplos do Brasil
central, chegam a nossa região a partir de finais dos anos 60, tendo conseqüências
como regra geral, o abandono gradativo do futebol varzeano organizado nos
bairros.
FATO PITORESCO
Em 1963-07-07, no
campo da Praça de São José, ou chamado por muitos como campo do Ipiranga,
acontece uma cena inusitada e até certo ponto folclórica, que marca a
trajetória do requisitado juiz de futebol varzeano Osni Albino Ramos, o Gato.
OSNI
ALBINO RAMOS, o juiz de guarda-chuva –
campo da Praça 07-07-1963
|
Era
uma manhã de domingo e de chuva fina. Osni estava na Praça com o pequeno filho
Édson, o cabeção, hoje mundialmente conhecido como o famoso Professor Cebola –
Édson Osni Ramos.
Um
jogo entre casados e solteiros estava por começar e faltava um juiz para
apitar. De repente alguém anuunciou a
presença de Osni com seu guada-chuvas na Praça. Osni não resistiu a insistência
dos convites, mas relutou ao lembrar da adverrtência da mulher. “Não te molha,
estás gripado, isso pode piorar”. Mesmo assim resolveu apitar. Então, descalçou
os sapatos, arregaçou a calça e de paletó, guarda-chuvas e apito na boca, deu
início e apitou toda a partida de futebol entre casados e solteiros naquela
manhã. Folclórico, não?
O
registro dessa cena inusitada, está na foto batida pelo historiador Osni
Antônio Machado, que no dia fotografou um dos momentos do jogo, sem qualquer pretenção.
Essa foto foi publicada no Diário Catarinense
na coluna de cronista esportivo Roberto
Alves, encaminhada pelo historiador.
Um
detalhe a ser esclarecido: Embora o apelido de Osni Albino Ramos, seja Gato,
podendo ser um sugestivo insulto ao juiz de futebol, no caso do Osni, não era
por isso e sim pelo gosto que tinha por peixes.
Na
verdade, sempre foi um isganado, guloso.
O fato é que o gato gosta de peixes, por isso
levou esse apelido de sua turma.
Em 1965/66, liderados
pela mesma turma do extinto Palmeiras F.C., depois de entendimentos com o proprietário
do pasto da fazenda, novas lideranças do lugar Picadas do Sul e núcleo de
moradores do loteamento da Fazenda do Max, que leva o nome de Santo Antônio,
fundam o Independente F.C.
O
campo do Independente F.C. foi feito em mutirão pelos organizadores, lá no meio
do pasto da fazenda. Inicialmente, o campo era irregular, cheio de moitas
salientes, que foram desaparecendo com o pisar dos jogos.
A partir de então, uma
nova sociedade se criou em torno do futebol varzeano na localidade, tendo a
frente jogadores da Ponta de Baixo, outros do lugar e arredores.
Em
1967/68, mesmo sem campo de futebol, filhos da geração do Olaria F.C. e do Palmeiras F.C., fundam um novo e o
último time na Ponta de Baixo.
Surge
o Corinthians E.C. com uniformes recebidos por doação de um político, que jamais
quiz ser identificado. A cor do uniforme não tinha nada do Corinthians de São
Paulo. Camisa vermelha, gola e mangas azul, calção azul, meia vermelha com
barra azul. Sabe-se que denominou-se Corinthians por vontade do doador em compromisso
assumido pela turma do futebol. A equipe formava 2 times, primeiro e segundo,
com mescla de jogadores da Praça de São José e do Caminho de Cima. Como não
tinha campo, jogava somente fora de casa e aprendeu como poucos times da época
a jogar de igual para igual nos campos dos adversários.
O
time se desfêz em finais de 1968. Definitivamente, a Ponta de Baixo deixa de
ter time de futebol varzeano e muitos jogadores passam a jogar em times de
outros bairros. Outros jogadores dessa geração, são contratados por um novo time
que surge na Ponte do Imaruí-Palhoça com o nome de Esporte Clube Floriano.
Em
1970/71, registra-se ainda na Ponta de Baixo, uma turma boa de bola, que cria o
Flamenguinho. Turma de um só time, o Flamenguinho foi uma geração de bons
jogadores da várzea com sucessivas partidas vitoriosas aos domingos pela manhã.
Turma boa de bola, sempre no campo dos adversários, mas, quando provocados,
viravam uns marimbondos, briguentos, gostavam da farra. O time esvaiiu-se em
meados de 1971.
COPA DO MUNDO DE 1970
México,
o Brasil sagra-se Tri-campeão mundial de futebol, vence a Itália por 4x1. O Rei Pelé volta a brilhar com seus companheiros craques Rivelino,Tostão,
Jairzinho, Gerson, Clodoaldo, Everaldo, Brito, Wilson Piazza, Carlos Alberto e Félix.
E
eu estava onde tudo começava, na várzea das peladas, jogador de futebol, a
inspiração pelos craques, a torcida, a paixão, os clubes, a seleção.
Tempos
de glórias, sentir, vibrar com a vitória no futebol, criar uma jogada, driblar,
ser o bom de bola, ser mascarado por ser o bom, marcar um gol, comemorar com
abraços, vencer, vencer, vencer, levantar um troféu, receber uma medalha, ser
campeão. Assim é a paixão nacional, o
F U T E B O L.
COPA DO MUNDO 1982
O
México volta a sediar uma Copa do Mundo. O Brasil tem uma seleção das mais
talentosas depois da conquista do Tri. É a era Zico, Sócrates, Falcão,
Sérginho, Éder, Leandro, Paulo Izidoro, Toninho Cerezo, Junior, Oscar, Valdir
Perez. De técnico, nada mais, nada menos, que o Mestre Telê Santana.
O
futebol da seleção é talentoso e encatador, joga pra frente, busca o gol,
jogadas ensaiadas, craques que desequilíbram, criam jogadas fantásticas, vence
a Escócia, Rússia, Espanha e Argentina. O Brasil é apontado como o melhor
futebol da Copa, joga fácil, encanta a torcida, recebe elgios da crônica
esportiva.
Nas
semi-finais enfrenta a Itália, que chegou se arrastando com empates, jogando
mal, na retranca e com combinação de resultados.
O
empate favorecia o Brasil, que fêz 1x0. A Itália empatou e virou o jogo 1x2. O
Brasil empatou 2x2. Mas brilhou a estrela do centroavante Paolo Rossi, marcou 2
vezes. Itália 3x2.
Venceu o jogo do Técnico Enzo Bearzot,. A retranca,
a marcação em seu campo, do jogo por uma bola e deu certo. Itália Campeã do
Mundo de 1982.
A
paixão nacional ficou perplexa, angustiada, entristecida e se perguntava,
porque perdemos se jogamos mais, tínhamos o melhor time, os melhores craques,
encuralmos o adversário, porque o melhor não venceu?
Como
jogador de várzea, me arrisco a responder:
PERIPÉCIAS DO FUTEBOL
Eu mesmo tive a experiência em campo de jogar
melhor e perder, entrar desacreditado e vencer. COISAS DO FUTEBOL.
Contos que conto
Quem
conta um conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto:
Gilberto J. Machado
-Historiador-
terça-feira, 3 de março de 2015
BECO DA CARIOCA DE SÃO JOSÉ-SC
CARIOCA
de
SÃO JOSÉ-SC
Carioca vem da denominação indígena(tupi) para casa de branco, ou seja,
cari(homen branco), oca(casa) = casa de branco.
Carioca, referência popular que se faz as “bicas d´agua” que abasteciam a antiga vila.
Vislumbra-se que o local da CARIOCA de São José, foi a primeira fonte de água encontrada em 1750 pelos
fundadores, que do mar aportaram em terra firme, desbravando picadas na mata naquela
direção, na busca por água de se beber.
A picada encontrou no sopé do morro de árvores
nativas, águas correntes sobre lajes entre pedras, que forma um pequeno grotão,
onde brota ôlhos d’agua. Dos ôlhos d’agua, às bicas, a fonte, a clareira da CARIOCA.
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Águas da carioca
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Poço da carioca
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A CARIOCA, na
Freguesia de São José, torna-se um lugar de uso comum, no enchimento de
água em potes de barro para se beber e serventia do
fogo, além do uso comum da fonte pelas mulheres na
lavação de roupas.
Em 1839/40, a importância da CARIOCA na Vila de São José, requer
obras de melhorias, como contorno o da fonte com lavadores de pedra para esfrega
de roupas.
A iniciativa das melhorias é da Câmara que
administra a Vila e o município(1833), através de provimentos da Província,
liberados nas gestão dos Presidentes, o Brigadeiro - João Carlos Pardal e do
Marechal de Campo - Francisco Jozé de Souza Soares d’Andrea.
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Instalações da CARIOCA
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MDCCCXL - 1840
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No século
XX, a evolução administrativa na sede(vila) e do município, aliada as melhorias
do poder aquisitivo da população, leva a mudança da lida de lavação de roupas
domiciliar. Muitas famílias pagam pela LAVAÇÃO
DE ROUPAS PA FORA. Na CARIOCA, surgem as LAVADEIRAS DE ROUPAS PRA
FORA, assim chamadas. Na fonte de água, uma fonte de renda dos menos abastados.
Em meados
do século, o crescente consumo de água pela população da sede e arredores, além
do uso da fonte pelas lavadeiras, leva a Prefeitura em 1940, na gestão do Prefeito João Machado Junior, a melhorar as
instalações com uma reforma geral, com estruturação em obra de cimento, canalização
de valas, enquadramento da fonte com novos lavadores. As LAVADEIRAS da CARIOCA, fonte de trabalho e renda.
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Nas
décadas dos anos 40 à meados dos anos 60, as LAVADEIRAS faziam da CARIOCA , suas lidas diárias, as roupas chegavam carregadas
em trouxas. Depois da lavação, a quaração estendida nos varais e no pastinho do
arredor. Aos olhos de quem por ali passava, presenciáva-se as algazarras,
cantorias, fuxicos, bondades, amores, mazelas, elogios, bate-bôcas, saía de
tudo, além das conversas sobre os acontecimentos picantes da vila(sede). A CARIOCA e seus
tempos de água boa, fresquinha de se beber e das inesquecíveis voluntariosas LAVADEIRAS da Praça.
A partir de inicios dos anos 60, a evolução de
infra-estrutura do município, leva a diminuição significativa das LAVADEIRAS da CARIOCA. Atribui-se as melhorias da qualidade de vida, mudanças de
comportamento das famílias com acesso ao sistema de água encanada e a chegada
de máquinas de lavar no mercado.
Sabe-se que em 1950, o sistema de água encanada,
foi implantado em São José, atendendo primeiramente o centro da vila(sede) e
parte da Praia Comprida. Em fins dos anos 50 chegava ao bairro da Ponta de
Baixo.
Em finais dos anos 60, o uso da CARIOCA já é muito
restrito, mesmo para o crescente aumento de moradores das proximidades. Já não
dependem mais das águas e da fonte.
Em inícios dos anos 70, a CARIOCA, sofre um duro
golpe ecológico, que veio a comprometer suas águas e seu meio ambiente, pela
pobreza de consciência pública/privada e de legislação ambiental da época.
A propriedade privada da mata nativa do morro, extremante
a pequena mata de reserva da CARIOCA, foi
negociada, desmatada e loteada.
Após a abertura de ruas do loteamento, logo na
primeira enxurrada, trouxe de morro abaixo muita água e lama, que tomaram conta
de todas as instalações. Sobre protestos, a limpeza da lama foi feita pelo
proprietário do loteamento e manutenção da Prefeitura Municipal.
A partir de então, instalou-se o desequilíbrio e o
abandono da CARIOCA,
especificamente na pureza de suas águas.
Século XXI - 2015-03-02, a memória, o patrimônio
público ainda no aguardo das promessas e projetos de revitalização da CARIOCA, anunciados pela Prefeitura Municipal de São José.
Glossário
fogo
ô/
substantivo masculino
6. antiga denominação:
casa de habitação; lar, residência.
"uma vila com uma centena de fogo”
Contos
que conto
Quem
conta um conto, aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto: Gilberto J.
Machado
-Historiador-
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