NEM EU COMIA, NEM O
PAI MORRIA
Essa é boa e é do
Pâtano do Sul ou do manezinho Pan Suli.
Em sua residência, um certo nativo, estava naquela do
morre não morre. Naqueles tempos, morrer em casa e com uma vela acesa na mão
era o ritual e levava a salvação da alma.
O filho mais velho era chamado para encabeçar o
ritual, ficar ao lado do pai.
As crises de agonias do velho eram constantes, o
filho acendia a vela, o velho melhorava e a vela era apagada.
A bóia era corvina eensopada com pirão de feijão. É
de dar água na boca, não é?
E a agonia do
pai não impediu que o filho sentasse a mesa.
Quando ia começar a fazer o pirão, a irmã grita, o
pai ta morrendo, o pai ta morrendo.
As pressas, o filho deixa a mesa o pirão e a corvina,
acende a vela, coloca na mão do pai. Alguns minutos depois, o velho reage e o
almoço continua.
Durante o almoço foram várias paradas de agonias e o
velho não morreu. Essa agonia foi até meia tarde e o velho não morreu, reagiu e
melhorou.
No final da tarde, com a situação sob controle, o
filho foi embora para sua casa.
Ao passar pela porta da venda do Sr. Arante, foi
indagado sobre estado de saúde do pai.
Então respondeu assim, aos que ali estavam: o pai
melhorou, mas hoje foi um dia difícil pra mim; nem
eu comia, nem o pai morria.
Contos
que conto
Quem conta um conto,
aumenta um ponto . º
-dito popular-
Texto: Gilberto J. Machado
Historiador
Desde logo, parabéns ao Gilberto Machado, que faz o favor de ser meu amigo, pela sua auspiciosa entrada na blogosfera que, embora de matriz recente, já transborda de posts imperdíveis. E assim, não resisti a comentar o presente, dado que em Portugal há um ditado popular idêntico – “nem o pai morre, nem a gente almoça”. Aliás, curiosamente, a RTP (a empresa pública portuguesa de televisão), no Canal Memória, o qual, passa, exclusivamente, conforme indicia o nome, programas que constam do acervo desta estação televisiva, vai, amanhã, dia 22 de abril, pelas 23 h 34 m (hora de Portugal), difundir uma antiga série de produção nacional denominada “Nem o Pai Morre nem a Gente Almoça”, que tem como enredo as peripécias de “uma família de interesseiros que aguarda ansiosamente a morte do Tio Antão, de 103 anos, para herdar a sua grande fortuna” (http://www.rtp.pt/rtpmemoria/?headline=15&visual=6&dia=22-04-2013). A talhe de foice, transcrevo, com a devida vénia, uma crónica de Manuel Igreja, publicada no Diário de Trás-os-Montes, intitulada “Nem o pai morre, nem a gente almoça” que aclara o sentido do referido provérbio – “Não sei se vossas mercês que fazem o favor de me ler, conhecem o dito que dá título a este escrito, mas costuma eles utilizar-se quando se pretende afirmar que uma determinada situação não ata, nem desata. É assim como que um modo de dizer que se adia tudo, que se não fazem as coisas esperadas acontecer, ou até que porque alguém é um empata, se vão adiando as rupturas ou os acontecimentos que se aguardam.” (http://www.diariodetrasosmontes.com/cronicas/cronicas.php3?id=1034&linkCro=1).
ResponderExcluir