quinta-feira, 25 de abril de 2013

RESPONSO



RESPONSO
O Responso do Chevette. Essa reza é boa. Perdeu, rezou, achou.

Noites de boemia nas sextas-feiras, que avançam pelas  madrugadas de sábados. Isso no Mercado Público de Florianópolis e bares das redondezas.
As bebidas, começam com uns tragos do popular pão com mussi, ou sejam, tragos de underberger ou vermouth com cachaça e depois com algumas cervejas, as ditas loiras geladas. Em suma, noites de porre e de língua travada.
Assim muitos manés encerram o final de semana, que de regra, começa no Mercado, depois vem a via sacra à outros bares,  como os  dos Morros do Mocotó, da Caixa, alguns indo parar lá pelos lados do Saco e Costeira.
Numa dessas madrugadas de sábado, dois conhecidíssimos manes, figuras folclóricas de nosso convívio, lá pelas duas da madruga e já confundindo Jesus com Genésio, resolvem ir em embora, voltar para suas casas.
Então, dirigem-se aos locais onde tinham estacionado seus carros.
Para espanto e apavoramento de um deles, seu Chevette não estava lá, desapareceu.
Aos gritos de fui roubado, fui roubado, o que faço agora, ainda nem acabei de pagar as prestações, estou ralado.
O outro, aparência de mais sóbrio, tenta consolar o amigo. Não te preocupes, vamos registrar um B.O. temos amigos na P.M., vão achar rapidinho, rapidinho o teu Chevette.
Aí é que ta o embrólio, diz o amigo roubado. Desde que, comprei o carro, não fiz vistoria o DETRAN, não licenciei, não paguei IPVA, Seguro Obrigatório, ta tudo atrasado, tudo enrolado.
Conhecedores dos personagens dos causos místicos dessa terra de sol e mar, lembram-se do homem de fé, o Rezador de RESPONSO do Ribeirão da Ilha. Pegaram um táxi na Praça XV e para lá foram.
Já eram 3:00 horas da madruga, quando chegaram a casa do Rezador, que meio a contra gosto, os recebe de cerola de dormir e na cozinha da casa.
O que os Senhores querem aqui à essa hora da madrugada? Meus filhos, Eu não atendo à essa hora, estava dormindo, ta muito tarde, voltem amanhã.
Mas a insistência dos dois foi tanta, que o Rezador, resolveu escutar, o que tinham perdido.
Quando falaram do sumisso do Chevette, o Rezador abreviou. Meus filhos, eu rezo RESPONSO para achar uma aliança, uma correntinha, um anel, coisinhas pequenas de estimação, mas um carro, isso não.
A insistência deles foi tanta e para não perderem a viagem, o Rezador  de mãos dadas com os dois, faz uma reza silenciosa.
Mal termina o ritual da reza, anciosos indagam, então, então, quais são as chances, temos esperança?

Olha, diz o Rezador, o que posso lhes adiantar é que o carro já atravessou a ponte. rsrsrsrsrs

Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um ponto  .  º
              -dito popular-                                         
Texto: Gilberto J. Machado
                   Historiador

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