RESPONSO
O Responso do
Chevette. Essa reza é boa. Perdeu, rezou, achou.
Noites de
boemia nas sextas-feiras, que avançam pelas madrugadas de sábados. Isso no Mercado Público
de Florianópolis e bares das redondezas.
As bebidas,
começam com uns tragos do popular pão com mussi, ou sejam, tragos de
underberger ou vermouth com cachaça e depois com algumas cervejas, as ditas
loiras geladas. Em suma, noites de
porre e de língua travada.
Assim
muitos manés encerram o final de semana, que de regra, começa no Mercado,
depois vem a via sacra à outros bares, como os
dos Morros do Mocotó, da Caixa, alguns indo parar lá pelos lados do Saco
e Costeira.
Numa dessas
madrugadas de sábado, dois conhecidíssimos manes, figuras folclóricas de nosso
convívio, lá pelas duas da madruga e já confundindo Jesus com Genésio, resolvem
ir em embora, voltar para suas casas.
Então, dirigem-se
aos locais onde tinham estacionado seus carros.
Para
espanto e apavoramento de um deles, seu Chevette não estava lá, desapareceu.
Aos gritos de fui roubado, fui roubado, o que faço agora,
ainda nem acabei de pagar as prestações, estou ralado.
O outro,
aparência de mais sóbrio, tenta consolar o amigo. Não te preocupes, vamos
registrar um B.O. temos amigos na P.M., vão achar rapidinho, rapidinho o teu
Chevette.
Aí é que ta
o embrólio, diz o amigo roubado. Desde que, comprei o carro, não fiz vistoria o
DETRAN, não licenciei, não paguei IPVA, Seguro Obrigatório, ta tudo atrasado,
tudo enrolado.
Conhecedores
dos personagens dos causos místicos dessa terra de sol e mar, lembram-se do
homem de fé, o Rezador de RESPONSO do Ribeirão da Ilha. Pegaram um táxi na
Praça XV e para lá foram.
Já eram
3:00 horas da madruga, quando chegaram a casa do Rezador, que meio a contra
gosto, os recebe de cerola de dormir e na cozinha da casa.
O que os
Senhores querem aqui à essa hora da madrugada? Meus filhos, Eu não atendo à
essa hora, estava dormindo, ta muito tarde, voltem amanhã.
Mas a
insistência dos dois foi tanta, que o Rezador, resolveu escutar, o que tinham
perdido.
Quando
falaram do sumisso do Chevette, o Rezador abreviou. Meus filhos, eu rezo
RESPONSO para achar uma aliança, uma correntinha, um anel, coisinhas pequenas
de estimação, mas um carro, isso não.
A
insistência deles foi tanta e para não perderem a viagem, o Rezador de mãos dadas com os dois, faz uma reza
silenciosa.
Mal termina
o ritual da reza, anciosos indagam, então, então, quais são as chances, temos
esperança?
Olha, diz o
Rezador, o que posso lhes adiantar é que o carro já atravessou a ponte. rsrsrsrsrs
Contos que conto
Quem conta um conto, aumenta um
ponto .
º
-dito popular-
Texto: Gilberto J. Machado
Historiador
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